Principal cartão postal de Belém recebe 50 mil pessoas diariamente

Foto: Oswaldo Forte
Principal cartão postal de Belém recebe 50 mil pessoas diariamente
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Principal cartão postal de Belém recebe 50 mil pessoas diariamente

O cenário peculiar do Ver-o-Peso tem atraído cada vez mais a atenção de produções nacionais e internacionais. Recentemente, o espaço foi usado como uma das locações da nova novela da TV Globo, "A Força do Querer"

Um mercado que não dorme. Assim é o nosso Ver-o-Peso, o cartão postal de Belém do Pará, que é lembrado pela variedade de peixes; frutas; ervas e verduras vendidos ali. Um dos principais mercados da região, o espaço recebe, diariamente, cerca de 50 mil pessoas que, além de comprar produtos tipicamente regionais, não resistem a degustar o famoso açaí com peixe frito, a tapioquinha com café, entre outros quitutes carinhosamente preparados e comercializados por lá.

Lúcia Torres, de 52 anos, é uma daquelas personagens emblemáticas que diariamente podem ser encontradas no mercado. Há 21 anos, trabalha com a venda de comidas e diz saber fazer a diferença para garantir a clientela fiel. “A gente precisa ganhar a confiança daqueles que escolheram o nosso restaurante para fazer uma refeição. Se for preciso, saímos de trás do balcão e ficamos sentados ao lado deles para bater um papo”, comenta, sorridente.

Dona Lúcia, como é conhecida, chegou de forma tímida ao Ver-o-Peso, vendendo churrasquinho no espeto, até conquistar um espaço melhor, que também garantiu outras opções no cardápio. “Não dava para ficar só com uma opção de comida, pois eu sabia que viriam muitas famílias em busca de pratos regionais, e até mesmo turistas que desembarcam aqui. O jeito era fazer a diferença com os pratos”, lembra.

Pirarucu frito; camarão empanado; açaí na tigela e os tradicionais “PFs” (pratos feitos) conquistaram clientes de vários lugares. “Recebo famílias há anos, que não dispensam uma reunião de almoço no ‘Veropa’. Além disso, inovar é o segredo, por isso, para o aniversário de Belém [12 de janeiro] um novo prato vem aí: o sabor paraense”, adianta.

Quando o dia ainda está clareando, já tem freguês na feira, sim. Especialmente aqueles que não deixam faltar legumes e frutas fresquinhos na mesa. A dona de casa, Eleoni Oliveira, de 51 anos é uma dessas pessoas. Ela sai toda quarta-feira às 5h30 de casa para garantir as hortaliças da semana. “Minha vida sempre foi ligada ao Ver-o-Peso. Passei anos trabalhando como vendedora em uma loja aqui à frente, e, por estar tão perto da feira, fazia minhas compras aqui mesmo”, conta.

O complexo funciona 24h por dia (alguns setores) e oferece uma excelente opção para quem não quer tardar em garantir os ingredientes da feira. “Meus dias são muito atarefados, então, o tempo que encontro, é sempre assim, cedinho. Aí, aproveito para assegurar um alimento novo e fresquinho. Afinal, não tem nada melhor, não é mesmo?”, afirma a dona de casa.

Belém é uma cidade rica por sua culinária e grande parte daquilo que vai para a mesa da população sai do Ver-o-Peso, que se destaca como maior referência de centro de comercialização e abastecimento da cidade. O Complexo é composto pela Feira do Açaí; Pedra do Peixe; Mercado de Ferro (peixe); Mercado Francisco Bolonha (carne) e a feira livre, onde se encontram hortifrutigranjeiro, ervas, artesanato e o setor de alimentação com comidas típicas do Pará.

A Feira é dividida em nove setores: Industrializados (confecções, importados e ferragens); Hortefrutigranjeiro (frutas, legumes, maniva, raízes, tucupi); Alimentação (refeição e lanches); Mercearia (farinha, camarão seco); Ervas Medicinais, Polpa de frutas; Artesanato; Plantas medicinais e aves vivas.

Seu Nizonete Dias, de 40 anos, é um dos permissionários e trabalha com a venda de frutas e verduras. Ele conta que desde a juventude o Ver-o-Peso foi seu local de trabalho. “Eu vinha acompanhando meu pai e irmãos, a gente vendia sacolas e depois fomos mudando o ramo até conquistarmos nosso próprio espaço de venda”, rememora.

O aroma de maracujá que sai da barraca do seu Nizonete é um convite irresistível, pois, invariavelmente, quem passa pelo local já pensa em inserir o fruto na lista de compras. Mas e quando o freguês não fala a mesma língua? O experiente vendedor garante que o improviso sempre dá certo. “A gente sabe vender ‘o peixe’ quando recebe algum turista. Seja com mímica, improvisando um portunhol ou mesmo arriscando o inglês. Acho até que é esse improviso que chama o cliente”, brinca o feirante.

Intervenções - Visando melhorias para o espaço turístico e melhores condições de trabalho para os feirantes, em abril de 2015, os 791 permissionários da feira do Ver-o-Peso foram convidados a participar de uma reunião, onde foi apresentado um pré-projeto de revitalização do espaço. Desde então, foram realizadas reuniões setoriais para que fossem conhecidas com atenção as especificidades de cada grupo.

De acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), o projeto de reforma do Ver-o-Peso, devolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para alterações, está sob análise da Prefeitura de Belém, para ser novamente encaminhado ao escritório de arquitetura autor do projeto, para as devidas modificações.

Seu Nizonete é um dos feirantes que aprovam e aguardam pela reforma, que segundo ele, vai beneficiar a todos. “A gente sempre espera pelo melhor. A feira também pode sofrer mudanças para que se adequar às necessidades do nosso público, afinal, isso também pode aumentar a clientela, que vai se sentir em um lugar mais limpo e seguro. Eu amo estar aqui. E quero ver a evolução do Ver-o-Peso”, declara.

Entre os anos de 2013 e 2016, houve a reforma da calçada da Pedra do Peixe; a revitalização da pavimentação interna e externa da feira, com reparos de buracos e recuperação de pisos de pedra portuguesa, pedra de lioz e blocos de concreto; a construção do novo muro de arrimo e reforma da calçada da Praça do Pescador, na área de estacionamento do Ver-o-Peso; manutenção das instalações elétricas, com troca de padrão e cabeamento, e a revitalização da Praça do Relógio e da Feira do Açaí.

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