Há 17 anos, Raimunda Barros, de 38 anos, reside no bairro da Condor, em Belém. Por diversas vezes o local foi citado na mídia e mesmo por moradores, como um bairro violento, periférico e sem perspectiva, acontece que, nos últimos dias a dona de casa juntamente com outros moradores da Condor e Cremação tiveram uma nova experiência: olhar para seus bairros e ver a beleza através de uma lente fotográfica. “Parece até a visão de um mundo novo, e é aquilo que tá no nosso dia a dia e agente nunca parou para notar”, afirmou Raimunda durante a exposição das imagens realizada nesta sexta-feira, 31, no hall de entrada do Palácio Antônio Lemos, sede da Prefeitura de Belém.
A exposição “Nós somos mais” é fruto de uma iniciativa oferecida gratuitamente pela Prefeitura de Belém, dentro do Programa de Saneamento Básico da Bacia da Estrada Nova, que visa melhorar a comunicação, apresentar conhecimentos e técnicas básicas e, ainda, ampliar as possibilidades de geração de renda para moradores das comunidades que serão atendidas com obras de macrodrenagem e urbanização.
A Oficina de Fotografia é uma das atividades dentre os mais de 50 cursos e oficinas do Programa de Saneamento Básico das bacias da Estrada Nova e do Una, promovidos pela Prefeitura de Belém, por meio do Programa Sanear Belém, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com o objetivo de promover o desenvolvimento social das famílias das áreas de obras.
“Esta iniciativa integra as ações de desenvolvimento social e fortalecimento comunitário do Programa, que pretende não somente formá-los em uma área técnica, mas despertar o amor pelo local onde vivem”, explicou a assistente social do Sanear, Nedir Almeida.
A exposição contou com aproximadamente 40 fotos dos mais novos conhecedores das técnicas básicas da fotografia. A dona de casa, Raimunda Barros, exibia com orgulho a sua autoria. “Eu ganhei uma nova perspectiva de vida depois dessa oficina, lembro que vi um anúncio de vaga de emprego para quem conhecia técnicas de fotografia e design, como uma das atribuições eu já tenho, agora me sinto entusiasmada pra fazer um curso e buscar novos caminhos de trabalho”, revelou.
A oficina foi ministrada pelo fotojornalista Wagner Santana, que há mais de 20 anos se dedica à profissão e avaliou de forma positiva esse compartilhamento de conhecimentos. “Esse trabalho foi muito positivo, é importante levar projetos como estes para a população, porque é uma oportunidade principalmente para quem não tem como pagar um curso”, enfatizou Wagner. “Nestes dias de oficina eles tiveram oportunidade de conversar com o fotógrafo Tarso Sarraf, e isso com certeza foi mais uma oportunidade para despertar neles esse novo olhar”, completou.
“Vai ser interessante ter o registro do lugar que eu vivo hoje, futuramente. As mudanças estão acontecendo, e a gente vai poder guardar isso de uma forma especial”, declarou a estudante Larissa Mesquita, de 17 anos. “Antes o celular era apenas paras as selfies agora o meu olhar vai além disso, vai pra história que a minha cidade conta todos os dias, igual aquele senhor sentado todos os dias na porta de casa”, ressaltou a jovem, fazendo referência à foto que ela fez.
Talvez a fotografia também seja o novo hobby para a jovem Nathalya Meireles, 18 anos. “Foi muito interessante registrar esses momentos, e eu quero seguir fazendo curso para aperfeiçoar esse conhecimento”.
