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Projeto “Histórias Remendadas” promove interação entre estudantes com deficiência

Foto: Ascom Semec
Projeto “Histórias Remendadas” promove interação entre estudantes com deficiência
Projeto “Histórias Remendadas” promove interação entre estudantes com deficiência
Projeto “Histórias Remendadas” promove interação entre estudantes com deficiência
Projeto “Histórias Remendadas” promove interação entre estudantes com deficiência

Luiz Henrique Miranda, estudante surdo do 8º ano, superou a timidez.

Com o objetivo de manter o atendimento aos estudantes municipais com deficiência durante o distanciamento social, a professora Ellen Brasil criou o projeto “Histórias Remendadas” que visa promover a interação entre os alunos a partir do conto ‘João e Maria’ na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A educadora atua há oito anos na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da Escola Municipal de Ensino Fundamental Anna Barreau Menineia, na ilha de Mosqueiro.

A professora gravou um vídeo contando a história e teve a ideia de fazer os personagens em EVA (Etileno Acetato de Vinila) e montar um cenário numa cordinha para chamar a atenção dos alunos. Em um determinado ponto da história, Ellen pedia que os alunos dessem continuidade ao conto criando um novo personagem. Ela relata que o projeto permitiu o ensino de Libras à distância para integrar todos os alunos, incluindo o surdo.

“Entre os meus alunos tenho um surdo. E imaginei que seria complicado para ele compartilhar a história em libras aos outros alunos ouvintes que não conhecem a língua de sinais. Selecionei alguns alunos ouvintes para apresentarem em libras trechos criados para a história para interagir com o aluno surdo e para isso tive que ensinar libras à distância. Foi muito interessante o empenho dos alunos e da participação das famílias”, detalhou.

Conteúdo - Além da contação de histórias, o projeto trabalhou conteúdos exigidos em avaliações e atividades realizadas em sala de aula como elementos da narração, assim como a ludicidade por meio da arte e criatividade. O projeto foi desenvolvido por meio do grupo de whatsaap dos responsáveis dos alunos e a participação das famílias foi fundamental para a gravação dos vídeos e apoio na produção dos personagens e do varal. No retorno das aulas, a professora vai reunir os vídeos para apresentar aos estudantes a história remendada.

A desenvoltura dos alunos apresentando a história surpreendeu a professora.  “Tenho alunos com deficiência intelectual que naturalmente tem dificuldade de lembrar a história ou ter um estímulo de criatividade e com a ajuda dos responsáveis conseguiram contar a história e soltaram a imaginação. Isso me impressionou bastante”, contou a professora. “Eles adoraram se ver no vídeo. No caso do aluno surdo, ele conseguiu escrever a história contada em libras pelo aluno ouvinte para mostrar que tinha entendido. Essa autoavaliação também foi bem legal”, completou.

Famílias – Os pais dos alunos agradeceram o apoio que o projeto proporcionou durante o distanciamento social. A pedagoga Antônia Freitas, mãe de Vitória Nascimento, de 18 anos, que tem deficiente intelectual e dislexia, conta que o projeto foi muito importante para estimular a imaginação dos alunos.

“Foi surpreendente ver a minha filha finalizar a história viajando no seu próprio imaginário. Foi um momento maravilhoso. Hoje conto uma história e a Victória já pede para terminar de contar”, relata Antônia, que ressalta que o distanciamento social deixou Vitória ansiosa e o projeto se tornou uma terapia. 

Raimundo Augusto Pereira Amaral, é pai de Brayan Amaral, de 9 anos, estudante do 4º ano. O menino tem transtorno de linguagem e hiperatividade e foi um dos alunos sorteados para contar a sua história em Libras para o amigo surdo. “Foi muito gratificante participar deste projeto. Com a ferramenta do whatsapp a professora teve uma ideia brilhante de nos ajudar durante esta pandemia. Mesmo à distância foi trabalhado a socialização e o respeito com o colega. Meu filho pode aprender Libras e ao mesmo tempo foi como uma brincadeira para ele. O Brayan gostou muito de aprender como o colega surdo fala”, disse.

Maria Bernadete Miranda Pimentel, mãe do aluno Luiz Henrique, de 14 anos, estudante surdo do 8º ano, conta que no começo foi difícil por conta da timidez do filho. “Fiquei muito feliz de ele ter entendido a história e de os outros alunos interagirem com ele. Foi muito importante vivenciar este momento e também pude aprender um pouco mais de Libras”, disse.

Crie - Durante o isolamento social, o Centro de Referência em Inclusão Educativa (Crie) Gabriel Lima Mendes segue com o atendimento via WhatsApp com orientações e compartilhamento de atividades pedagógicas e lúdicas em vídeos e textos preparados pelos psicólogos, fisioterapeutas, psicopedagogos, fonoaudiólogos e outros profissionais para todos os alunos com deficiência. 

 

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