Médicos que estão fazendo residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) participaram neste sábado, 20, de uma formação que evidencia a importância dos cuidados paliativos na Atenção Primária à Saúde (APS). Foi o I Seminário do Fórum de Residências de MFC de Belém, realizado no auditório da Escola do Sistema Único de Saúde (SUS), no prédio de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), na avenida Generalíssimo Deodoro.
O preceptor do Programa de Residência em MFC da Secretaria Municipal da Saúde (Sesma), Marcos Costa, explica que o médico de família e comunidade é um especialista do cuidado. “É especialista em gente. Além de consultas individuais, faz visitas domiciliares, ações de educação em escolas e ações comunitárias por entender que saúde é um bem-estar integral e não apenas ausência de doenças”, explica.
Saúde integral
Foi essa visão da saúde como uma condição que vai além da ausência de doenças que atraiu Letícia Shibata, de 26 anos, para a residência em MFC. “É um programa que favorece e incentiva o médico que tem um olhar integral, completo, não só para o paciente, mas para a sua família e o território em que ele está inserido”, avalia a médica.
Para ela, é fundamental observar o contexto familiar e territorial para melhor entender as doenças e os problemas que as pessoas vivenciam, principalmente numa realidade peculiar como a da região amazônica. Letícia ressalta ainda que a formação acadêmica é importante para aprimorar esse olhar integral e contextualizado.
“A gente precisa fazer uma medicina que tenha eficácia, que seja embasada em evidências científicas. Ações como essa, de investimento na capacitação dos profissionais, é fundamental para que tenhamos melhor qualidade de assistência”, conclui a residente de MFC da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Fórum
Marcos Costa destaca que a Sesma, ao fazer a expansão do Programa Família Mais Saudável, entende que além da contratação de mais médicos é necessário investir na especialização desses profissionais. Por isso, criou este ano o seu Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade, elevando para cinco o número dessas especializações disponíveis em Belém.
Além da Sesma e da UFPA, mantêm programa de residência em MFC a Universidade do Estado do Pará (Uepa), o Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz) e o Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa). “A Sesma iniciou, então, um processo de debate, articulação e aproximação com os programas que já existiam. Dessa forma, criou-se o Fórum de Residências em Medicina da Família e Comunidade de Belém”, informa Marcos.
Uma das propostas do Fórum é promover capacitações conjuntas como a realizada neste I Seminário. A previsão é promover eventos como esse todos os meses.
Cuidados paliativos
O I Seminário do Fórum de Residências MFC trouxe a médica da família e comunidade Lorena Agrizzi, também especialista em Medicina Paliativa, para falar sobre “Cuidados Paliativos na APS no contexto da Amazônia”. Ela explica que o cuidado paliativo é multiprofissional, voltado para pacientes – e suas famílias – que tenham doenças que ameaçam a vida.
A especialista enfatiza a importância de reconhecer pessoas que estão com suas vidas ameaçadas por doenças que causem dores intensas, dificuldades para respirar, infecções sem cura e outras com sintomas que acompanham esses pacientes por muito tempo.
“O cuidado paliativo traz dignidade humana para pessoas que têm doenças que ameaçam a vida. É um plano de cuidado que leva em conta a história de vida do paciente e sua família. Esse plano vai acompanhar essa doença que pode caminhar para a cura ou uma doença que pode avançar”, finaliza Lorena Agrizzi.