Para acabar de vez com o depósito irregular constante de lixo e entulho na entrada do Conjunto Satélite, no Coqueiro, moradores do bairro em parceria com a Prefeitura de Belém executaram uma severa intervenção em um terreno de mais de quatro mil metros quadrados que era frequentemente utilizado para descarte de materiais como madeira, podas, sobras de construções e restos de alimentos. A presença desse material atraía animais redores e servia de local propício para a proliferação de mosquitos transmissores de doenças, representando uma grave ameaça à saúde da população.
Para recuperar o terreno, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) retirou todo o lixo acumulado no local e despejou mais de 20 carradas de aterro para nivelar o solo. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) destinou 500 mudas de espécies variadas para recompor a vegetação danificada pela constante presença do entulho e também pela formação do chorume (líquido contaminante proveniente da decomposição do lixo). Árvores de grande porte foram plantadas para recompor a área degradada. Ipê rosa, andiroba, mogno africano, pau preto e maracatiara já fazem parte da nova paisagem. Entre as plantas ornamentais que passarão a formar uma espécie de guarda corpo estão: espada-de-joana-a’darc, bromélias, dracena, lantana, tumbérgia, mini-ixora e dracena.
Há exatos 20 anos o terreno, que pertence à Aeronáutica, começou a ser utilizado para descarte irregular de lixo e entulho. A presidente do Centro Comunitário do Conjunto Satélite, Janete Andrade, 43 anos, conta que naquela época o entulho era descartado por cima de um muro que já nem existe mais. “Era tanta porcaria que jogavam para dentro do terreno que o muro não suportou e acabou caindo. Com o tempo, as pessoas continuaram utilizando esse espaço como se fosse um lixão a céu aberto”, lembra, indignada.
“Procuramos a Aeronáutica e diversos órgãos na tentativa de resolver o problema e conseguimos pela Prefeitura o compromisso de fazer a retirada do lixo de forma regular. Mas como a ação dos carroceiros que traziam lixo era sempre constante, este local parecia sempre sujo e repleto de todo tipo de material, incluindo restos de alimentos. Tudo isso atraía bichos e causava muitos problemas de doenças”, relatou.
Desde 2013, a Prefeitura de Belém intensificou os esforços para limpeza do espaço, aliada a rondas frequentes de fiscalização para combater o descarte criminoso de lixo no local. De acordo com o chefe de fiscalização da Sesan, José Argentino, a fiscalização frequente resultou na apreensão de diversas carroças que eram utilizadas para transportar lixo. “Mesmo assim, vimos que estávamos longe de vencer o problema. Na verdade, sem o apoio dos moradores isso seria impossível. O desafio do poder público é constante para eliminar esses lixões a céu aberto e, para isso, é necessário o envolvimento da comunidade”, pontuou.
O metalúrgico Eldenor Almeida Lopes, 62 anos, é morador do Conjunto Satélite há quase 20 anos e comemorou ao ver o lixo substituído por plantas. “Queremos que este local permaneça livre do lixo e totalmente arborizado. Um local acolhedor para receber famílias em busca de sombra e de tranquilidade. É como se a natureza retornasse para seu lugar”, festejou.
O auxiliar administrativo Fábio Eugenio dos Santos, 41 anos, participa ativamente das ações que envolvem a comunidade do bairro. Ele sugere que a partir de agora os moradores comecem a separar os materiais recicláveis. “A ideia é trazer os carroceiros para trabalhar junto com a gente. Eles poderão contribuir com o transporte desse tipo de material destinado às cooperativas de reciclagem. São produtos que geram renda para esses trabalhadores, que poderão ter uma atividade digna e sem precisar sujar a cidade”, afirma.
“Hoje em dia, notamos que muitos carroceiros são até agressivos quando são abordados para que não despejem o lixo na rua. Talvez até mesmo porque eles não compreendam a importância de manter um ambiente saudável em beneficio de toda a comunidade”, ressalta o morador.
O coordenador de fiscalização da Sesan garante que as equipes de fiscalização continuarão atuando em parceria com a Guarda Municipal para evitar que o lixo apenas mude de local. “Temos a preocupação de solucionar este problema neste terreno e evitar que outras áreas próximas passem a ser utilizadas para descarte de lixo e entulho. Não podemos permitir que o problema apenas mude de endereço”, ressaltou Argentino.
