A exploração sexual de crianças e adolescentes é um tema de grande importância e que vem sendo muito discutido, visto que a cada dia que passa as denúncias aumentam e com elas crescem também as perspectivas de reversão deste quadro. Por conta disso, a Prefeitura de Belém desenvolve anualmente o projeto “Direito de Ser Criança e Adolescente”, que se encerrou na manhã deste sábado, 21, com uma grande manifestação cultural na praça Batista Campos. O evento reuniu alunos e professores da rede municipal de ensino, além da comunidade em geral.
O encerramento das atividades na praça reuniu um número significativo de crianças, jovens e adultos no cortejo dos direitos, que, ao som do Batalhão Estrela Arraial do Pavulagem, levou ao público, através de placas, mensagens de paz e informações sobre os direitos da criança e do adolescente.
A secretária municipal de educação, Rosileni Salame, reafirmou, no evento, a importância da participação dos alunos e da comunidade em projetos como este. “Esse é um momento de conscientização para todos, principalmente para as nossas crianças, que muitas vezes veem seus direitos prejudicados. Não podemos fazer das nossas crianças, adultos precoces. Portanto, queremos mostrar aqui a forma peculiar que cada criança, em sua individualidade, tem de ver a vida”, destacou.
Direitos - De acordo com o artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. No artigo 70, o ECA estabelece: “É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente”.
O projeto “Direito de Ser” tem como objetivo discutir, orientar e sensibilizar a sociedade com ações desenvolvidas no ambiente escolar de combate à violência sexual de crianças e adolescentes, considerando, ainda, a previsão legal que estabelece o direito que a criança tem a uma família, a moradia, alimentação, educação, saúde e a uma vida de paz,
Emoção - Enquanto Miguel Lucas, de 2 anos, aluno da Unidade de Educação Infantil Rosemary Jorge, localizada no bairro Castanheira, matava a curiosidade e brincava na trilha dos direitos, a mãe, Noemia da Silva, o admirava e aproveitava para falar da satisfação em ver seu filho desde cedo se autodescobrindo através de um projeto que beneficia não só a ele, mas a ela também.
“É o primeiro ano do meu filho na creche e o ver participando de um grande evento desses, que só vem a contribuir na educação e aprendizagem dele, é uma emoção enorme. O fato de saber que desde os 2 anos de idade ele já está aprendendo a se expressar e se defender já me deixa mais tranquila pois passo o dia todo longe dele e não tenho como alertá-lo. Graças a Deus a escola vem realizando esse trabalho com qualidade, que mostra a ele e também a mim os direitos de toda e qualquer criança, muitas das vezes por nós desconhecidos”, ressaltou Noemia da Silva.
Assim como Noemia, muitas mães, pais e até avós se sentiam atraídos com tantas crianças que espalharam por toda a praça mensagens de paz e afeto. Maria de Nazaré Moraes, por exemplo, foi uma das visitantes do local que não escondeu o interesse pelo assunto e acompanhou o evento até o final. “Estou achando maravilhoso este momento, em que não só adultos, mas as próprias crianças participam mostrando que sabem de seus direitos. O mais interessante é saber que eles estão tendo esse conhecimento dentro de suas escolas municipais, muitas das vezes criticadas por pessoas que não tomam conhecimento do que vem sendo desenvolvido”, disse.
Maria ainda aproveitou para parabenizar a ação, “o projeto é de muita relevância e os envolvidos estão de parabéns, pois nunca havia visto em outras gestões um comprometimento tão grande com relação a educação, e esse é um grande avanço para todos nós”, afirmou.
Em espaços interativos decorados com flores, garrafas pet, CDs e outros objetos, além de artesanatos como o miriti, cada unidade de educação expôs a culminância das atividades desenvolvidas desde o início do ano letivo de 2016 acerca do tema, e apresentaram suas produções do símbolo do projeto, que é o Sino dos Ventos.
Sinos dos ventos é um objeto que se caracteriza, na maioria das vezes, por uma esfera ou cilindro de vidro, cerâmica, metal, bambu ou madeira. Foi trazido do Japão, onde se acreditava que ajudava a proteger as pessoas contra todos os tipos de males. O símbolo foi trabalhado unidades educativas abordando a proteção das crianças contra todos os tipos de violência, por meio das linguagens plástica, musical, cênica, oral, intra e interpessoal, além das brincadeiras.
Professores e alunos da Uei Pratinha apresentaram objetos carregados de valores regionais. A coordenadora da unidade, Josiane Azevedo, explicou o porquê do tema “Voando para o Pará”: “A ideia é resgatar a cultura paraense, que é a cultura dos nossos próprios alunos. Nosso Sino dos Ventos foi confeccionado com as cuias que lembram a culinária do Pará. Queremos trazer aos nossos alunos o valor de sua identidade como direito garantido. Eles apresentaram aqui, por exemplo, as casas de miriti também, objetos que foram escolhidos por eles mesmos”.
A aluna da Uei Pratinha Ana Beatriz Valente, de 8 anos, destacou a importância do objeto confeccionado para com o projeto: “A casa acolhe as famílias e família significa para todos nós a união, fraternidade, paz e amor. É isso que quero levar para o mundo”.
Houve ainda apresentações artísticas do Grupo Usina de Animação e interferências literárias do Grupo Chuva Poética, da Semec. Além disso, os alunos ainda participaram de apresentações culturais, como as danças com os temas “Mamãe Bebê”, “Semeando Direitos”, “Infância, Nosso Maior Tesouro”, “Sou Criança”, “Brincar é Direito de Toda Criança”, “Criança Não Trabalha”, “Eu Tenho Direito de Ter Direitos”, “Criança é a Esperança de um Mundo Melhor” e “A Paz”.