Capoeiristas de países estrangeiros e de estados brasileiros estiveram reunidos desde o último dia 22 para o Primeiro Intercâmbio Internacional de Capoeira, realizado no Ginásio Altino Pimenta. O evento, que foi organizado pelo Centro Cultural Esportivo Ubuntu Capoeira, com apoio da Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel), e se encerrou nesta sexta-feira, 25, buscou, nos quatro dias de atividades, fazer um resgate da identidade e das raízes da capoeira paraense.
A programação de encerramento do primeiro intercâmbio teve início com apresentação dos alunos do projeto "Capoeira nas Escolas", da Escola Municipal Palmira Gabriel, do bairro da Pedreira. Em seguida, houve o batizado e a troca de corda, momento destinado ao capoeirista que seguiu seu treinamento, com duração de 6 a 8 meses, adquirindo os requisitos para a promoção.
A pequena Maria Alice Lopes, de 11 anos, atendida pelo projeto na Escola Palmira Gabriel, pratica o esporte há pouco mais de um ano. No encerramento, trocou a corda amarela pela laranja, o que foi motivo de muita alegria. “Adoro praticar a capoeira, me sinto bem porque estou com meus amigos e fazendo um esporte saudável”, disse.
Resgate - O Primeiro Intercâmbio é desdobramento do projeto “Ginga Belém”, desenvolvido desde 2014 na capital e que também conta com o apoio da Sejel. O evento trouxe mestres de capoeira da França, Guiana Francesa, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, além de 20 mestres locais, todos com o mesmo intuito, fazer um resgate da capoeira paraense, que sofreu influências de grupos do eixo sul-sudeste e nordeste.
“Perdemos um pouco da identidade e aqui estimulamos a recuperação desta identidade incorporando elementos da cultura local, como a culinária e o ritmo do carimbó. Trazendo mestres de outros países e de outros estados, podemos difundir a nossa capoeira. A parceria da Sejel nos dois projetos tem sido fundamental para este objetivo”, destacou Marcos Canellas, coordenador do Primeiro Intercâmbio.
Vivendo há 18 anos na França, Marcos de Souza Jesus ou mestre Cacique, como é conhecido entre os capoeiristas, viu de perto como a capoeira tem o poder de difundir a cultura brasileira. “Lá fora, nos tornamos conhecidos muito por conta da capoeira, que teve seu ‘boom’ na década de 90. Aqui, temos uma oportunidade nesse mesmo sentido, mas enfatizando a capoeira paraense”, ressaltou.
Aberto desde o dia 22, o Primeiro Intercâmbio foi movimentado com capacitações, rodas de conversa e outras atividades voltadas para a profissionalização. Para mestre Guerreira, como é conhecida Fanny Lecoz, da Guiana Francesa, participar do intercâmbio foi muito proveitoso. “Foi o momento de compartilhar experiências. No meu país, a capoeira é um esporte como outro e fui convidada para ministrar uma aula pedagógica sobre como montar uma aula. Tive contato com as outras matrizes e foi algo interessante”.