O entulho que estava no quintal do microempresário Nelson Soares, 48, era ao mesmo tempo um incômodo e uma ameaça. “Foi de uma demolição que fizemos. Tinha madeira, plástico e alguns móveis velhos que estavam ocupando muito espaço. Como ficava em uma área aberta, depois da chuva eu sempre olhava pra ver se não tinha ficado água acumulada que pudesse trazer algum tipo de doença”, contou Nelson, morador da Passagem São Marcos, localizada entre as Travessas Barão do Triunfo e Mauriti, bairro do Marco.
Todo esse material que tanto incomodava o microempresário foi removido pelas caçambas da Prefeitura de Belém na manhã deste sábado, 28, durante um grande mutirão de coleta de entulho nos bairros do Marco e Pedreira. Mais de 50 caçambas e 100 agentes da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) realizaram a retirada dos produtos descartados pelos moradores. Mais de 900 toneladas de entulho foram recolhidos em dois dias de mutirão de limpeza. O lixo descartado de forma indevida na via pública também foi recolhido.
Os bairros do Marco e Pedreira foram os que registraram, em 2016, maior número de casos confirmados de dengue, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). No bairro do Marco foram confirmados 43 casos. Na Pedreira, 41 pessoas foram infectadas pelo vírus.
Lixo e entulho são apontados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) como os principais criadouros do mosquito Aedes aegypti, uma vez que, mal armazenados ou dispostos de forma irregular em vias e residências, podem acumular água e facilitar a reprodução do mosquito transmissor.
O mutirão contou com apoio de agentes de controle de endemias da Sesma, que visitavam os quintais e orientavam os moradores a descartar materiais que pudessem servir de criadouros para mosquitos. Na casa do aposentado Edno Alves da Cunha, 55, apenas algumas garrafas apresentavam risco. “Eu tomo muito cuidado e procuro manter tudo limpo e organizado. Essas garrafas já estavam separadas para serem jogadas fora”, contou o morador da Travessa Angustura, no bairro da Pedreira.
Para o secretário de saneamento em exercício, Cláudio Mercês, a operação tem como objetivo reduzir locais que possam servir para proliferação do mosquito, transmissor da dengue e outras doenças. “Fizemos um trabalho prévio de orientação em conjunto com a Sesma para que os moradores limpassem os quintais e depositassem esse material na porta da casa para ser recolhido pela prefeitura durante este mutirão de coleta”, explicou. “Além do benefício direto com relação à saúde desses moradores, buscamos também atender com ações que tragam qualidade de vida, como limpeza da rede de drenagem e de canais”, pontuou.
Dados da Sesan apontam grande quantidade de descarte irregular de lixo e entulho. Em toda a cidade são quase 600 locais em vias públicas e margens de canais, normalmente utilizados para depósito irregular. Limpar esses locais custa mais de R$ 2 milhões todo mês para o município.
No início desse mês, os bairros do Jurunas, Condor, Benguí, Parque Verde e parte da Cidade Velha foram atendidos com o mutirão de coleta de entulho. O objetivo da Prefeitura é ampliar o trabalho para outros bairros de Belém e também para os distritos.
