Trocar o ambiente hospitalar pela casa dos pacientes com o mesmo nível de atendimento é a proposta do programa federal Melhor em Casa, implantado pela Prefeitura de Belém há quase dois anos e que atende cerca de 50 pessoas diariamente. O serviço é realizado por equipes multiprofissionais nos bairros do Benguí, Parque Verde, Mangueirão, Sacramenta e Barreiro.
Para a melhor assistência ao paciente, as equipes do Melhor em Casa de Belém e de municípios convidados (Benevides e Ananindeua) estão participando de um curso de qualificação promovido pela coordenação do programa e pelo Núcleo de educação Permanente da Secretaria Municipal de Saúde. A programação ocorre durante esta semana, no auditório de uma faculdade particular. Os profissionais recebem atualização e ampliam conhecimentos sobre aspiração de vias aéreas, ventilação mecânica não invasiva, uso de equipamentos como desfibrilador, hemotransfusão em domicílio, manejo de pacientes, cuidados paliativos e suporte básico de vida, além de muita troca de experiências.
Segundo Karen Tavares, coordenadora do Melhor em Casa de Belém, o encontro tem foco na complexidade do atendimento, visto que em 2016, o serviço de atenção domiciliar migrou da atenção básica para a rede de urgência e emergência. “É um curso que o Ministério da Saúde está promovendo em São Paulo e chamou alguns profissionais. Estes estão sendo multiplicadores nos seus estados. De Belém foram dois. Mas acabamos somando a este curso, outras abordagens para contemplar as necessidades das equipes locais”, explica.
Ainda de acordo com a coordenadora, a complexidade da atenção domiciliar requer todo esse conteúdo denso para que eles estejam preparados para desempenhar o serviço com segurança. “Muitos procedimentos podem ser feitos em domicílio, sem que a gente precise solicitar leito ou o paciente precise estar internado. As equipes atuam em territórios, conforme preconiza o Ministério da Saúde, para que o atendimento seja contínuo e de qualidade. Nosso objetivo é tirar pacientes de leitos dos hospitais, observado as condicionantes, para que recebam o cuidado domiciliar”, ressalta Karen.
Representante de Belém no curso realizado em São Paulo, a médica Sheila Aguiar conta que a experiência foi importante para perceber que muitas das dúvidas da equipe são compartilhadas por outros profissionais. “Repassar o conhecimento é muito bom e dá um gás novo. A experiência com o Melhor em Casa é muito boa, pois temos a oportunidade de dar conforto e tratar o paciente no meio da família. Criamos um vínculo maior ao perceber a cada dia a recuperação do paciente”, frisa a médica.
Sheila lembra que o reflexo de todo o aprendizado está nos pacientes, como um rapaz que, quando internado no programa, falou para a equipe que queria morrer. “Nós achávamos que era uma possibilidade, visto que ele estava com um quadro bem comprometido. Mas demos alta para ele recentemente com um sorriso lindo no rosto, tirando foto com a mãe. Hoje ele está ótimo, está bem e isso é muito gratificante. Estamos ali junto com a família partilhando aqueles momentos e prescrevendo e atendendo dentro da realidade dele”, esclarece.
Para a médica da equipe do Melhor em Casa na Unidade de Saúde do Benguí, Andrea Chada, os temas dos cursos estão dentro da realidade das equipes e dos pacientes. “O trabalho é integrado para melhorar a situação do paciente até que ele possa voltar para a Atenção Básica. E essas palestras são fundamentais para que possamos nos reciclar e aplicar nos pacientes”, avalia.
Podem entrar no programa, pacientes encaminhados pela Atenção Básica, hospitais e/ou por solicitação dos próprios familiares feita nas Unidades de Saúde com equipes do Melhor em Casa (Benguí e Sacramenta).
