Com a chegada do inverno Amazônico as tradicionais chuvas de fim de tarde dão lugar a chuvas mais intensas e persistentes que, aliadas à maré alta, podem provocar alagamentos e transtornos para toda a população.
Apenas em janeiro deste ano, Belém atingiu a marca de 598.8 mm de chuva, 55% acima da média prevista para o mês. Foi o maior índice registrado no período, dentre todas as capitais brasileiras. Para fevereiro, a expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não é diferente. Os índices seguem acima da média.
“Até o dia 14 de fevereiro, o índice de chuvas já chegou a 333.3 mm de chuva, e nossa previsão era de 402.5 mm para o mês inteiro. Então, apesar de ainda estar dentro da normalidade, até o final do mês a média deve ser ultrapassada”, explica Aylce Barros, do Inmet.
Para agir de forma preventiva, a Prefeitura de Belém, por meio da Defesa Civil Municipal, em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), passou a usar pluviômetros automáticos em áreas com riscos de alagamento. São aparelhos meteorológicos que medem a quantidade de água nos canais e o volume de chuva e enviam um alerta em caso de risco.
“Os alagamentos em Belém são um problema crônico, pois vivemos no nível do mar e, se chove um pouco mais, alaga. O pluviômetro vem justamente para que as pessoas não sejam surpreendidas por um alagamento. O alerta será emitido com antecipação e poderemos atuar de forma preventiva, informando a população da área e todos os órgãos competentes”, explica o coordenador da Defesa Civil Municipal, Yan Miranda.
Órgãos como Defesa Civil, Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e Fundação Papa João XXII (Funpapa) serão os primeiros a serem acionados para dar apoio a população de entorno das áreas com possibilidade de alagamento.
“Já perdi carro durante alagamento, então sem dúvida é um investimento muito importante mesmo, que vai ajudar não só quem mora por aqui, mas quem transita pela área”, avalia o advogado Roberto Alencar, de 23 anos, que diariamente passa pelo canal da Trav. Antônio Baena com Av. Pedro Miranda, um dos primeiros a receber o aparelho meteorológico.
O canal da Antônio Baena é considerado um dos pontos críticos da cidade, quando se trata de alagamentos, pois além das características naturais de Belém, que favorecem essas situações, o despejo irregular de lixo no local tem causado a obstrução dos cursos d'agua. Para conter o avanço do assoreamento, equipes da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) realizam, a cada três meses, roçagem e retirada manual de lixo do canal. Na última dragagem mecânica realizada no canal da Antônio Baena foram retirados mais 6.750 m3 de lixo, durante 45 dias de trabalho. A próxima dragagem está prevista para o mês de março.
“A gente vem realizando esse mesmo trabalho em todos os canais de Belém, mas precisamos contar com o apoio da população. Canal não é lugar para jogar lixo nem qualquer tipo de entulho”, esclarece Marcos Carvalho, da Secretaria Municipal de Saneamento.
Pluviômetros - Além do canal da Antônio Baena, o canal da Trav. Quintino Bocaiúvas com Apinagés já conta com um aparelho. Ambos foram instalados em janeiro de 2017 e ainda funcionam de modo experimental, no entanto há previsão de que mais seis pluviômetros sejam instalados na capital. Os aparelhos funcionam através de energia solar e, por isso, não geram gastos à administração municipal.
A moradora do bairro da Pedreira, Adelly Fausto, pedagoga, de 36 anos, vê de forma positiva a implantação do novo aparelho: “Com certeza é muito válido, porque como a gente não tem informações sobre maré alta ou se vai chover muito, a gente não sabe se vai alagar ou não, e muita gente mete a cara na rua, perde carro, por não ter a informação”.
A Defesa Civil Municipal já vem monitorando os horários de maré alta, para que, caso coincidam com fortes chuvas e riscos de alagamentos, a população possa ser alertada com antecedência. A previsão é de que em fevereiro a maré atinja seu nível máximo no dia 26, às 22h43, e dia 27, às 23h23, chegando a 3.5 metros.
“O nosso objetivo primordial é atuar de forma preventiva, próximos às comunidades, e não atuar apenas em situações de emergência, depois que já foi instalada alguma intercorrência”, ressalta Miranda, coordenador da Defesa Cilvil Municipal.
Confira abaixo a Tábua das Marés para o mês de fevereiro:
DATA |
HORÁRIO |
ALTURA |
20/02 |
04:54 11:00 17:43 |
2.4 1.2 2.7 |
21/02 |
01:02 06:38 13:26 18:58 |
1.0 2.5 1.1 2.8 |
22/02 |
02:11 07:45 14:23 19:56 |
0.8 2.7 0.9 3.0 |
23/02 |
03:13 08:36 15:13 20:41 |
0.6 2.9 0.7 3.1 |
24/02 |
04:06 09:17 16:02 21:19 |
0.5 3.0 0.6 3.3 |
25/02 |
04:54 09:49 16:51 22:02 |
0.4 3.1 0.5 3.4 |
26/02 |
05:49 10:28 17:47 22:43 |
0.3 3.2 0.4 3.5 |
27/02 |
06:32 11:09 18:41 23:23 |
0.2 3.3 0.3 3.5 |
28/02 |
06:58 11:39 19:24 |
0.2 3.4 0.3 |