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Seminário aborda Educação Inclusiva na rede municipal de ensino

Foto: Tássia Barros - Comus
Seminário aborda Educação Inclusiva na rede municipal de ensino
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O processo de inclusão tem resultado num melhor desenvolvimento dos alunos com deficiência nas escolas da rede municipal

“Você sabe o que é chegar à escola que seu filho estuda, há tão pouco tempo, e ouvir mamãe? Pra mim, aquele dia ficou marcado”, relata comovida, a dona de casa Fabrícia Ribeiro sobre os primeiros momentos do filho Álvaro, de 11 anos, na Escola Municipal Palmira Lins de Carvalho, no bairro da Marambaia. “O Alvinho não falava, tudo era feito por meio de gestos. Ele se isolava no canto da sala e ali permanecia”, relembra a mãe do estudante que nasceu com síndrome de Down e chegou à rede municipal de Belém há dois anos. “Meu filho é outro garoto, ficou mais esperto, fala e interage com os demais colegas de classe”, comemora.

Para a dona de casa, a estrutura, o trabalho e o envolvimento dos profissionais da escola, com apoio da família, têm sido determinantes para o desenvolvimento de Álvaro, um dos 65 alunos com síndrome de Down matriculados na rede municipal. Ao todo, 1.900 estudantes com algum tipo de deficiência estão cadastrados pelo município.

Nesta semana em que é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down, o modelo de educação inclusiva e o papel de professores no ambiente escolar com alunos com deficiência foram assunto do II Seminário sobre síndrome de Down, promovido pela Prefeitura de Belém, por meio do Centro de Referência da Fundação Papa João XXIII (Funpapa). A discussão, realizada nesta quarta-feira, 22, na sede do Centro Dia, abordou aspectos do processo de inclusão nas escolas, o trabalho dos profissionais e de que forma o centro pode auxiliar na garantia de direitos.

“Não adianta ter uma boa escola, fazer um alto investimento financeiro, se o profissional não estiver habilitado para isso. É preciso que as pessoas sejam comprometidas com educação inclusiva, aliás, que permeie o amor, para que elas possam fazer a diferença na educação”, defende a coordenadora do Centro Dia, Sheila Kalif.

O Centro Dia presta serviços de assistência para pessoas com deficiência auditiva, intelectual, visual ou física e suas famílias/cuidadores. O trabalho é dirigido às famílias que se encontram em situação de pobreza ou risco por violação de direitos.

“Por mais que a gente fale cada vez mais sobre o assunto, ele ainda é um tabu, porque a legislação está completa e garante todos os direitos, mas quando você volta isto para a prática, existe a dificuldade em operacionalizar, tanto por parte da estrutura das escolas, quanto da capacitação destes profissionais”, avalia a professora de educação especial Luana Moreira.

Para a advogada Regina Helena Pereira, 63 anos, mãe de Leandro Pereira, 27 anos, que também tem síndrome de Down, a busca pela inclusão começa na própria família. “Quem gosta de mim tem que gostar do meu filho. Ele é capaz de fazer tudo aquilo que qualquer pessoa dita 'normal' faz, por que excluí-lo? Eu acredito no potencial do Leandro e corro atrás disso”, afirma a advogada.

Leandro cursa o 1º ano do Ensino Médio e já passou por experiências ruins. “Já houve escola particular que se negou a matricular meu filho, simplesmente por não ter pessoas que se dedicassem a ensiná-lo com mais cuidados. Em outras, ele chegou a ser mero expectador. Por isso, eu acredito que discutir sobre o assunto e buscar meios para mudar essa realidade é fundamental para garantir o direito deles”, avalia Regina.

A escola como facilitador

Na rede municipal de ensino, a Prefeitura de Belém desenvolve trabalhos de inclusão de pessoas com deficiência por meio do Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes (Crie), da Secretaria Municipal de Educação, que envolve alunos de escolas dos oito distritos de Belém.

“O trabalho desenvolvido pelos profissionais do âmbito escolar foi fundamental para o desenvolvimento e a socialização do Alvinho”, afirma a dona de casa Fabrícia Ribeiro. Segundo ela, a família chegou investir em escolas particulares, mas não obteve um resultado satisfatório.

Nas escolas municipais, para garantir o aprendizado e aperfeiçoamento do aluno, além da sala de aula regular, os estudantes com deficiência são atendidos duas vezes por semana nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), que hoje somam 56 espaços distribuídos em escolas de todos os distritos de Belém. “Os professores que realizam estes atendimentos são capacitados por meio do Crie para atender às necessidades destes alunos. É um trabalho de ensino continuado, onde a escola desenvolve meios para o aprendizado”, explica a técnica de referência do Crie, Iolanda Corrêa.

Parceria Família e Escola - As salas de recursos oferecem o serviço de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e os professores buscam as potencialidades destes alunos com deficiência para realizar um trabalho focado. “O que sempre falamos aos pais, é que eles não fiquem ansiosos pelo letramento de uma criança com deficiência. A gente precisa fazer com que ele se sinta parte da turma, e a consequência disso são o letramento e a alfabetização deste aluno. Família e escola precisam caminhar juntas, e o Crie só media isto”, complementa Iolanda.

Para garantir bons resultados com o trabalho desenvolvido nas salas de recursos, as crianças são inseridas nos programas de Artes Cênicas, Expressão e Inclusão, promovidas pelo Centro de Referência que tem a função de estimular as habilidades artísticas. Outra forma de se manter próximo da família destes alunos é por meio dos encontros e bate-papos.

Investimentos – A prefeitura de Belém tem investido na qualificação dos profissionais que atuam na rede pública de ensino, por meio de cursos voltados, especialmente, para o trabalho com pessoas com deficiência. De acordo com a coordenadora do Crie, Denise Costa, os professores participam constantemente de cursos de formação continuada sobre tema da inclusão.

“Os diversos programas e projetos ofertados pelo Crie favorecem a ampliação desse debate estendendo à comunidade escolar, bem como aos familiares, a exemplo do Programa Ciranda da Família, que não só oportuniza o espaço do diálogo entre as famílias, como também, a informação acerca da rede de serviços”, pontua a coordenadora.

O Crie conta com salas multifuncionais e uma equipe especializada formada por psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros profissionais que dão suporte ao atendimento educacional especializado, explorando as potencialidades dos alunos, de acordo com cada limitação.

Nas salas há mobílias, recursos de tecnologia assistida, como máquina braile, teclado adaptado, jogos e softwares, além de outros instrumentos que auxiliam no desenvolvimento escolar.

“Apesar de todo o trabalho voltado para a inclusão dessas pessoas, o que se espera mesmo é que em algum dia não seja mais necessário falar de inclusão, e as pessoas se vejam como iguais, respeitando as limitações do próximo”, finaliza Denise.

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