“Quando nossos colegas de sala brigam entre eles ou fazem muito barulho, a Carol fica triste. Ela é deficiente física e se sente incomodada com algumas coisas", lamenta a colega de Carol, Fabrícia Costa Araújo, de 11 anos, estudante do 5a ano da Escola Municipal Ciro Pimenta, no Parque Guajará. "Acho que depois da conversa que tivemos sobre bullying, eles entenderam que estavam agindo errado", afirma a estudante sobre uma discussão que começou a mudar o pensamento de alguns alunos.
Nesta quinta-feira, 23, cerca de 400 estudantes da escola que Fabrícia frequenta participaram de um ciclo de palestras sobre temas como bullying, violência e questões relacionadas ao meio ambiente. A iniciativa é do Gabinete de Gestão Integrada (GGIM) da Prefeitura de Belém, que une órgãos da esfera municipal, estadual e federal, em ações preventivas nas escolas.
“Antes de definirmos quais assuntos serão abordados nas escolas, é feita uma coleta de evidências, em que ouvimos o corpo docente e depois conhecemos os problemas da área em que aquela escola se encontra. O bullying, por exemplo, nós o identificamos não somente por ter alunos com deficiência, mas sim pelas brincadeiras ditas de mau gosto, que interferem na vida do colega de classe”, explicou a assessora técnica do GGIM, Joana Melo.
Ainda de acordo com Joana, a metodologia aplicada, especialmente quando o público é de crianças, precisa ser por meio da interação e os recursos incluem desenhos, mostra de imagens, ou até mesmo exibição de pequenos filmes.
“A criança vai pelo convencimento. A gente explica o ciclo evolutivo de determinados assuntos utilizando essas didáticas. Em muitos casos elas desconhecem o fato de estar violando o direito do coleguinha, ou que podem estar sendo expostos a algum tipo de violência dentro de casa, assim como eles também precisam estar atentos aos cuidados com o meio ambiente, que reflete diretamente na saúde deles e da família. Desta forma nós buscamos interagir com eles deixando a mensagem da prevenção”, enfatizou a assessora técnica.
Para o diretor da escola Ciro Pimenta, Cláudio Sales, a iniciativa da prefeitura de trabalhar determinados assuntos por meio de palestras de caráter preventivo, ajuda na formação das crianças. “Os pais são responsáveis por estas crianças, mas a escola tem o seu papel fundamental de auxiliar na formação do cidadão. A realidade das periferias acaba envolvendo a violência, a questão de saúde pública, e tudo isso reflete no desenvolvimento dos alunos”, destacou o diretor. “Você explicar para eles que um simples ato de jogar lixo na rua, e aquilo se tornar criadouro do mosquito que pode fazer mal a toda a família dele, já é uma forma de conscientizar”.
Parcerias - As palestras desta quinta-feira envolveram equipes do GGIM, Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e Polícia Militar.