Para mobilizar a população e garantir o cumprimento do direito de educação para milhares de crianças e adolescentes da capital paraense a Prefeitura de Belém realizou, nesta sexta-feira, 23, um grande arrastão junino no bairro do Marco, com saída da sede da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), na Avenida Rômulo Maiorana, em direção à Feira da 25. O grupo Arrastão do Pavulagem, servidores e usuários dos dozes Cras - Centro de Referência de Assistência Social, cinco Creas - Centro de Referência Especializado de Assistência Social e oito abrigos gerenciados no município pela Funpapa participaram da mobilização.
A iniciativa, segundo explicou a presidente da Funpapa, Adriana Azevedo, foi a culminância de um extenso trabalho desenvolvido em toda a rede de proteção à criança e ao adolescente. “Aproveitamos a manifestação cultural do arrastão, do boi, para que a gente possa mobilizar e dar esse grito contra o trabalho infantil. Mas, na realidade, esse é um trabalho que a gente já vem desenvolvendo, é feito todo um trabalho na básica, média e alta complexidade, de reflexão, de conscientização do que é o trabalho, para quem é o trabalho e o que é direito da criança”, contou a presidente da Fundação.
Em meio ao arrastão junino, que convidava a população para sair pelas ruas, foram distribuídos informativos sobre o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do Governo Federal, com orientações sobre os direitos da criança e onde fazer denúncias ou buscar informações sobre o tema.
A presidente da Funpapa orienta sobre como proceder em caso de exploração infantil. “Qualquer violação dos direitos da infância podem ser denunciados dentro dos Creas e conselhos tutelares. As nossas equipes saem nas ruas, onde é feita uma abordagem social em feiras, locais de grande movimentação de pessoas, e quando identificados casos de exploração infantil, é feito o encaminhamento para a rede de serviço”, detalhou.
A dona de casa Neide Pereira da Silva, que é mãe de duas meninas, Adria, de 12 anos, e Maisa, de 8 anos, frequenta há três anos o Cras do Benguí com as filhas. Lá, as meninas têm a oportunidade de participar de atividades lúdicas, palestras e brincadeiras. Convidada para o arrastão junino, a dona de casa fez questão de participar.
“O que a gente mais vê são crianças trabalhando na rua, e daí já vem às drogas, aprendem muitas coisas que não prestam. Acho que um evento como esse vai alertar a sociedade e muitas mães e pais também para não deixarem seus filhos pelas ruas”, defendeu Neide.
Ela acredita que o trabalho desenvolvido pela Rede de Assistência Social do município pode ajudar muitas famílias em situação de vulnerabilidade social. “A professora do Cras conversa com eles sobre drogas, violência infantil, vida escolar. Eu acho muito importante as atividades que eles desenvolvem. Participo com as minhas filhas toda as quintas”, relatou.
Assim como Neide, a dona de casa Marcilene Maia de Oliveira encontrou no Cras o apoio que precisava para cuidar e dar orientação aos três netos, que cria sozinha. Para ela, trabalho infantil nem pensar. “A mãe deles é usuária de drogas, então eu que cuido. Eles são a minha vida, e o Cras tem sido muito importante pra nós, porque eles fazem atividades, isso abre a mente das crianças. Eles também se acalmaram mais, eram muito agitados, agora melhoraram muito”, declarou.
O combate ao trabalho infantil vai continuar em toda a Rede de Proteção e Assistência Social. Em setembro, a Funpapa se prepara para o “Movimento da Juventude”, quando será trabalhada a temática da prevenção ao uso de drogas ilícitas.