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Semana de qualificação na Escola de Pesca revela oportunidades para empreender

Foto: Oswaldo Forte
Semana de qualificação na Escola de Pesca revela oportunidades para empreender
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Semana de qualificação na Escola de Pesca revela oportunidades para empreender
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Semana de qualificação na Escola de Pesca revela oportunidades para empreender

Os alunos aprenderam a usar carcaças de salmão na produção da carne mecanicamente separada (CMS). O resultado é a proteína de peixe, sem odor e sem cor, que pode ser adicionada a doces e outras receitas.

Quem seria capaz de imaginar que a sobra da carne, no espinhaço de um peixe, poderia virar ingrediente para bolo ou mesmo brigadeiro? Pois a turma de alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Casa Escola da Pesca (Cepe), vinculada à Fundação Escola Bosque, no distrito de Outeiro, aprendeu a técnica durante uma das oficinas promovidas durante a IV Semana de Qualificação Profissional, que começou na segunda-feira, 18, e termina na sexta-feira, 22.

O professor Carlos Cordeiro, do campus de Bragança da Universidade Federal do Pará (UFPA), contou como essa técnica foi empregada durante as aulas práticas do curso: “O que a gente trabalhou foi o aproveitamento de resíduos, que seriam aqueles materiais não aproveitados pelas indústrias. Então, pegamos as carcaças de salmão e dela a gente faz Carne Mecanicamente Separada (CMS) para transformá-la em proteína de peixe, sem odor e sem cor, para inserir essa proteína em doces”.

“A gente adiciona essa proteína aos ingredientes normais, pois estes produtos normalmente não têm tanta proteína assim. A ideia é que eles saiam daqui não só com a ideia de produzir material salgado, mas doces também. Essa é apenas uma maneira diferente de aproveitar o material que eles já trabalham no dia a dia, e possam gerar renda com isso”, explicou o professor.

Capacitação - A Semana de Qualificação Profissional é um evento anual realizado sempre no segundo semestre letivo, destinado a atender prioritariamente turmas de formandos no curso técnico em recursos pesqueiros. O evento também abre as portas para outras turmas da escola, moradores das ilhas e demais instituições.

O tema deste ano está relacionado ao modo de vida ribeirinho, tanto pelo viés do extrativismo, quanto do produtivo, buscando fornecer informações relevantes sobre os mais importantes sistemas de produção ou extração relacionados à vida do ambiente insular, apresentando o que há de tendências para um futuro sustentável do meio rural.

Com o tema “Sistemas de produção no campo: progressos, inovações e tendências”, cerca de 100 alunos, entre matriculados regularmente na Escola de Pesca, e de outras instituições de Belém, participam dos cursos, que vão muito além de um método didático de sala de aula.

“Aqui a gente assiste às aulas e corre para a prática. Está sendo uma experiência incrível poder descobrir tantas formas de aprendizagem por meio da pedagogia da alternância, que é aplicada aqui na Escola de Pesca”, avaliou a universitária Luana Ferreira, de 19 anos, que cursa Meio Ambiente em uma instituição particular.

A coordenadora da Cepe, Fátima Seabra, destaca que a Prefeitura de Belém, por meio da escola, busca incentivar a comunidade, especialmente a que lida com o pescado, a empreender. “O pescador precisa aprender que não é só pescar o peixe e entregar ele na mão do atravessador. Aqui na Escola da Pesca temos essa finalidade de torná-los empreendedores do seu próprio negócio, e que nas suas ilhas eles aprendem a gerar renda e trabalho sem precisar sair de lá”.

Tiago Fonseca, de 21 anos, ex-alunos da Cepe, voltou para a escola como técnico: “O que eu aprendi um dia na sala de aula, hoje eu repasso para esses alunos. Mas além de estar aqui para repassar conhecimento, também vim aprender mais nessa semana de qualificação, porque a escola fez uma mudança e tanto na minha vida. Eu não sabia nada sobre peixes, apenas pescava para consumo, e aqui eu entendi o valor que tem o pescado. Aqui a gente vê a forma de reaproveitá-los, não só como alimento, mas também como material para biojoias. Às vezes as pessoas compram o peixe na feira, retiram a carne para consumo e descartam o resto, mas é justamente ali que a gente ainda vê uma fonte rica no pescado que pode ser reaproveitado”.

Outro jovem que também já começou a por em prática o que está aprendendo nas aulas é Paulo Ferreira, de 19 anos, morador da comunidade Caruaru, em Mosqueiro. Ele é aluno da Escola de Pesca e revela que está aproveitando o conhecimento para uni-lo aos costumes com os quais já lidava na sua comunidade. “Na minha família a gente trabalha mais com a agricultura, mas eu comecei a criar práticas para aplicar as técnicas da piscicultura com aquilo que já fazíamos”, revelou.

“A vivência com outros meninos das ilhas tem sido muito boa, é uma troca de conhecimento, e durante essa semana eu vou procurar tirar o máximo de conhecimento porque tem muita gente experiente vindo compartilhar com a gente. O que eu aprendo aqui já estou aplicando na minha comunidade. O foco é nela, empreender lá”, diz Paulo.

Nesta quarta-feira, 20, os alunos terão uma palestra sobre o projeto horta escolar com o presidente da Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae), Walmir Moraes, além das aulas sobre aquicultura e piscicultura. As atividades seguem até sexta-feira, 22, e ao final dos cursos os participantes receberão um certificado.

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