Diminuir o estresse, a ansiedade, proporcionar beleza e ainda um corredor ecológico para atrair pássaros, borboletas e outras espécies, são algumas das finalidades do projeto “Padrinhos do Ipê” desenvolvido pela Prefeitura de Belém, para envolver a comunidade moradora da avenida Bernardo Sayão, no trecho entre José Bonifácio e Augusto Corrêa, no bairro do Guamá, na execução e manutenção do paisagismo da via, que vai receber o plantio de 200 pés de ipê cor de rosa já a partir da próxima semana. Com o projeto, cerca de 40 moradores e comerciantes do entorno se tornaram padrinhos voluntários dos ipês e vão ser responsáveis pelo plantio e cuidados com as árvores.
Nesta terça-feira, 10, os padrinhos dos ipês participaram de uma manhã de preparação para se tornarem cuidadores das mudas. A formação, realizada no auditório do Hotel Beira-Rio, foi oferecida pelo Sistema FAEPA/SENAR, Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), que é parceiro do projeto, e incluiu orientações desde o plantio até informações sobre poda e rega. “A arborização promove benefícios ecológicos, físicos e sociais”, explicou Arlene Moraes, ministrante da formação. Segundo ela, com a participação da comunidade desde o plantio, os moradores vão se sentir responsáveis e vão saber o que fazer e a quem chamar quando houver algum problema com a planta, que eles vão aprender a manter.
Depois da formação dos moradores, os pés de ipês serão plantados pelos próprios padrinhos em toda a extensão da avenida Bernardo Sayão, formando dois corredores de árvores nos dois lados do canteiro central, que hoje dá lugar ao canal, que foi fechado. O resultado pretendido é um efeito visual colorido e delicado durante as floradas anuais com a formação dos tapetes de flores cor de rosa em toda a extensão da avenida.
A área já recebeu gramado e também terá arbustos e outras plantas que vão completar o paisagismo da nova via que passou por obras de macrodrenagem, sistema viário e urbanização. A previsão é que a obra seja concluída até o final de abril.
Padrinhos - Quase a metade dos 33 anos de vida da dona de casa Susan Silva, ela viveu na passagem Alves Guimarães, esquina com a avenida Bernardo Sayão, no Guamá, sempre torcendo pela chegada de melhorias nas condições de saneamento da área. Hoje com três filhos, ela se mostra entusiasmada ao ver o avanço das obras de saneamento e urbanização, que já entraram na fase de finalização, e faz questão de participar das mudanças como madrinha dos ipês que serão plantados na área. “Era uma área que não tinha nenhuma utilização, agora já estão usando pra lazer, caminhada e exercícios”, comemora Susan que vai ser madrinha de seis ipês e prevê mais segurança na área com melhores condições para a passagem da polícia, ambulâncias e do transporte público.
Todos os padrinhos vão receber, além da capacitação da Faepa, que vai doar adubo, as ferramentas e camisas, um kit de materiais com ferramentas, regador e uma sacola para armazenar os produtos para a manutenção das plantas.
Aos 55 anos, dona Maria de Nazaré Barbosa conta que nasceu e se criou na área da Bernardo Sayão e que desde criança esperava pelas mudanças na paisagem. “É qualidade de vida.”, enfatiza. “É muita alegria não ver mais aquela vala na frente da nossa casa. Tá mais bonita a rua”, avalia.
Homenagem – Em homenagem aos padrinhos que vão ajudar a cuidar do meio ambiente e do paisagismo da cidade, eles terão os nomes das famílias colocados em placas de identificação dos ipês. Cada família saberá assim, por qual árvore é responsável. As placas também receberão os nomes dos parceiros do projeto – Faepa e Ideflor.
“A ideia é criar um lugar de convivência, de contemplação”, explica a subcoordenadora ambiental do Programa Sanear Belém, Cynthia Linhares, responsável pelo Projeto Ipê. Segundo ela, “adotar uma árvore pública é um ato de cidadania que contribui com o meio ambiente e com a cidade como um todo”.
Mangueiras – Apesar de a espécie mangueira ser preferência entre a população de Belém, a árvore não foi escolhida para o paisagismo pelos riscos que traz para as obras, devido às raízes grandes que se espalham internamente por grandes extensões, atingindo e danificando tubulações, redes de água e esgoto e, principalmente as galerias subterrâneas (que hoje ocupam a área onde existia o canal). Um trabalho de conscientização será feito na comunidade para esclarecer os riscos da plantação de mangueiras.