Dez anos. Esse foi o tempo que as jovens surdas de Belém esperaram para disputar uma competição de futsal com outras meninas das cidades de Castanhal, Parauapebas e Marabá. Realizado neste sábado, 12, no Ginásio Altino Pimenta, na avenida Doca de Souza Franco, o 1º Campeonato de Futsal Feminino para Jovens Surdas é parte do projeto “Supera Belém”, criado em 2013 para projetar o talento esportivo e garantir lazer às pessoas com deficiência. Outras modalidades, como vôlei sentado, basquete em cadeira de rodas e futebol de cegos, também fazem parte da grade esportiva.
O vice-presidente da Federação Paraense de Surdos, Sidcley Favacho dos Santos, 44, disse que a iniciativa da Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel) de promover o torneio é importante para a promoção da inclusão social dessas pessoas.
O secretário Wilson Neto, titular da Sejel, adiantou que na próxima semana ocorrerá o 7º Campeonato Estadual Masculino de Futsal para Surdos. A Prefeitura, afirma, que vem trabalhando para ampliar as ações esportivas voltadas especialmente para pessoas com deficiência.
Neto explicou que durante as competições surgem talentos ao esporte paraolímpico brasileiro e que muitos dos paratletas paraenses chegam à Seleção Brasileira. “É muito importante a realização dessas competições porque, além do talento esportivo, ainda promovemos a interação entre as cidades, os jovens e seus familiares”, destacou.
Além de manter uma parceria com as entidades representativas das pessoas com deficiência, a Sejel também faz visitas em praças e escolas da cidade fomentando a prática esportiva.
Para Mariane Xerfan, 25, da Associação de Surdos de Belém, a ação da Prefeitura de promover a inclusão social através do esporte é positiva. “Enfrentamos muitas dificuldades no nosso dia a dia e poder participar de um campeonato é muito bom, ajuda a melhorar nossas relações com as outras meninas surdas de fora de Belém”, disse a jovem, que frisou que ainda sente falta de maiores publicações em libras, que é a linguagem usada pelos surdos.
Os jogos foram comandados pelos árbitros Marcelo Pantoja e Manuel Pantoja. A dupla explicou que as regras do futsal são mesmas aplicadas no jogo das meninas surdas. A diferença está no uso de uma bandeirinha para sinalizar as faltas e os cartões. “Mas o tempo de jogo, os cartões e as faltas não mudam”, explica Marcelo, que vem se qualificando para atender o público crescente de pessoas com deficiência. “Eu procuro me atualizar, me qualificar, e esses eventos promovidos pela prefeitura de Belém são excelentes para gente aprender cada vez mais”, disse.
Seis equipes de Belém, Parauapebas, Marabá e Castanhal estão na disputa do título.