Em mais uma edição do maior evento literário da Amazônia, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) de Belém marca presença, levando ao público da XXII Feira Pan-Amazônica do Livro uma vasta programação para apresentar diversas práticas desenvolvidas nas escolas da rede, as quais tornaram Belém reconhecida e premiada como “Município Leitor”.
Durante o período de 2 a 10 de junho, os projetos de incentivo à leitura e escrita serão expostos no stand da Semec, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, com a participação de professores e alunos das unidades de ensino da rede municipal, da Educação Infantil, Fundamental e Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
A programação terá mediação de leitura, jogos literários, mostra de vídeos e curta metragens, interação com softwares educativos, show matemático, oficinas, contação de histórias, circuito sensorial e outras práticas na educação inclusiva, atividades recreativas, encenações teatrais, apresentações musicais, recital de poesias, conversas literárias e lançamento de livros.
Jovens escritores
Os alunos da Escola Municipal Madalena Raad, do Distrito de Icoaraci, estão ansiosos pelo evento. Além de terem a oportunidade de sentir a emoção de estarem no mundo encantador da literatura que a Feira do Livro proporciona, eles irão lançar seu primeiro livro, intitulado “Morrendo de Medo em Icoaraci”.
O livro é fruto do projeto “A Leitura que Transforma” e foi coordenado pelo professor de língua portuguesa Wilson Tadeu Amoras, responsável pela biblioteca da escola, que contou ainda com o apoio de outros docentes. A atividade envolveu vários alunos da unidade, - de 10 a 16 anos, do 5º ao 9º ano -, que, a partir da leitura da obra “Visagens e Assombrações de Belém”, de Walcir Monteiro, foram incentivados a produzir suas próprias histórias dentro deste tema, mas voltadas para o distrito em que residem.
Professor Tadeu conta que os jovens escritores fizeram um estudo de campo, conversando com familiares e outros moradores do local, que lhes contaram diversas histórias que viram ou ouviram acontecer ali. “Além de ser um incentivo à escrita e ao desenvolvimento das habilidades dos alunos, o livro é todo baseado em tradições orais, que resgata a contação de histórias e valoriza a cultura de Icoaraci”, destaca.
Cerca de 160 histórias foram produzidas pelos alunos, 10 delas estarão no livro, como a de título “O dia em que quase morri afogado”, da estudante do 6º ano, Caroline Silva, de 11 anos. A narrativa conta uma experiência assustadora e misteriosa que ela mesma viveu com os pais na Ponte do Rio Paracuri, em um dia de muita chuva, quando o carro em que estavam começou a alagar.
“Era noite, estava muito escuro, não tinha ninguém na rua. Estávamos com muito medo e pedindo a Deus que nos salvasse. De repente, apareceram três homens que ajudaram a empurrar o carro e, quando meu pai ia agradecê-los, eles simplesmente sumiram”, conta a aluna, que sempre gostou de escrever e, quando soube da proposta do livro, foi logo a primeira a entregar sua história.
O livro traz ainda ilustrações expressivas produzidas pela aluna Renata Soares, 13 anos, do 8º ano. Ela ficou responsável em traduzir em desenhos cada uma das histórias, revelando um talento escondido, mas que foi descoberto pelo professor durante a produção do livro. “Eu desenho desde os seis anos, sempre foi um hobby, mas que sempre guardei pra mim. Fazer as ilustrações foi um desafio, mas gostei muito e estou muito feliz com o resultado”, declara a desenhista.
Lançamento
O Livro “Morrendo de Medo em Icoaraci”, dos alunos da Escola Madalena Raad será lançado no dia 8 de junho, às 15 horas, no stand da Semec, na XXII Feira do Livro, e vários exemplares serão distribuídos ao público que for prestigiar.
Na ocasião, todas as histórias serão contadas com encenação e acompanhamento musical da dupla Joaninha e João Urubu. O momento terá as ilustres presenças de escritores paraenses como Rosa Watrin, Andrea Cozzi, Jeová de Barros, Juraci Siqueira, além de Walcir Monteiro, o autor da obra que inspirou o livro.
“Eles estão em estado de êxtase com essa experiência, assim como eu. Foi um trabalho intenso, que durou dois meses, mas muito prazeroso e, vendo o resultado final, sabemos que valeu a pena. É a realização pessoal de cada um desses alunos, que mostram que, mesmo com as dificuldades, eles são capazes. Enquanto eu puder proporcionar essas vivências para eles, esta será minha missão”, revela, emocionado, o professor Wilson Tadeu.
Confira no anexo a programação completa da Semec na Feira do Livro 2018.