A algazarra, a correria, os sorrisos e os gritos de alegria, costumeiros das crianças, são uma constante na escola municipal Honorato Filgueiras, composta de um prédio sede e dois anexos no bairro da Cidade Velha. A escola é uma das unidades de ensino do município de Belém que registrou crescimento na avaliação, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, divulgado na segunda-feira, dia 3, pelo Ministério da Educação. O município de Belém ficou entre as três capitais brasileiras que mais melhoraram a educação básica nos últimos anos,
A Honorato Filgueiras teve a avaliação 5.5, um resultado comemorado não somente pelo corpo docente da unidade de ensino, mas também pelos pais dos alunos. “Moramos aqui perto da escola, mas quando chegou o momento do Lucas começar a estudar, buscamos ter informações sobre as melhores escolas aqui nas redondezas. A escola Honorato foi a que mais nos foi recomendada. Meu filho estuda aqui há um ano e estamos muito felizes com o desempenho dele. E ele gosta demais da professora”, contou Antônio Carlos Fernandes, pai do pequeno Lucas, de 7 anos.
A escola fica localizada na travessa de Breves, mas tem dois anexos, um na rua dos Tamoios e outro dentro da escola estadual Caldeira Castelo Branco, localizada também na travessa de Breves. Com mais de mil alunos, a Honorato Filgueiras atende à educação infantil, de manhã e à tarde, e à Educação de Jovens e Adultos, à noite.
O espaço conta com biblioteca, sala de informática, seis salas de aulas, em dois andares, além de refeitório e área de circulação. Em 2013, a escola foi destaque no projeto Cozinha Legal, promovido pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação de Assistência ao Estudante (FMAE). A merenda da escola segue os padrões estabelecidos pela Secretaria de Educação (Semec).
“Uma coisa que conseguimos estabelecer e manter, aqui na escola, é que proporcionamos o café da manhã para as crianças. E no horário normal, temos o lanche. Isso ajuda às crianças, porque elas ficam bem alimentadas e isso reflete no desempenho delas”, opinou a diretora da escola, Maria Divane Brito Pereira, no cargo desde 2009.
Formação - O bom resultado obtido pela escola Honorato Filgueiras é reflexo da política da Semec junto às escolas de Belém. A secretaria tem a educação do município como prioridade de governo, garantindo ônibus escolares e bicicletas para os alunos, o benefício do Credlivro para os professores - que é utilizado por eles durante a realização da Feira Pan-Amazônica do Livro -, a criação do Centro de Formação de Professores do Município, reformas, ampliações e abertura de novas escolas.
A formação continuada dos professores é um dos pontos que recebe mais reforço da Semec, que mantém o Centro de Formação de Professores do Município, no bairro de Nazaré.
“O apoio do município é essencial para essa formação. O que nossos professores veem no Centro é aplicado na escola de forma socializada, ressignificando e reeducando o processo de aprendizado. A forma como esse aprendizado é aplicado é sempre buscando o lúdico, voltado à linguagem e à Matemática”, explicou a diretora Maria Divane.
Outra forma de melhorar a relação com alunos é aproximar a família das crianças da escola. “Fazemos questão de ter os pais por perto, e para isso, promovemos semanas temáticas. Recentemente, tivemos a Semana da Família, o que foi bastante proveitoso. Trabalhamos com um público bem variado. Há pais de alunos que são analfabetos e há outros pais com curso superior, mas todos estão com os filhos na escola pública, e por isso, primamos pela qualidade do que ensinamos”, detalhou Nádia Corumbá, que é professora e coordena a biblioteca da escola.
A biblioteca da unidade de ensino tem vários livros, que podem ser acessados no ambiente escolar e também tem o sistema de empréstimo. “Estimulamos as crianças a emprestar os livros e levá-los para a casa deles. É uma forma de incentivar a leitura e também de incutir neles o conceito de responsabilidade”, explicou Nádia.
Informática - No corredor que leva à sala de informática, algumas meninas do 3º ano, da escola Honorato Filgueiras, disputavam quem desenhava melhor um grande coração colorido, nos cadernos delas, na manhã desta terça-feira, 4.
Os alunos do 3º ano estavam às voltas também com as aulas de informática, que é ministrada pela professora Alessandra Seabra. “O trabalho na sala de informática é integrado ao que as crianças veem na sala de aula. Trabalhamos aqui o que elas estão vendo com as professoras, seja na parte de linguagem, seja na parte de matemática. A integração é necessária e assim, caminhamos juntos para ter um melhor desempenho das crianças e o conhecimento acontece”, enfatizou a professora.
O programa de computador que é utilizado na escola foi desenvolvido pelos próprios professores da escola, em treinamentos oferecidos pelo Núcleo de Informática Educativa da Semec (Nied).
Falante e muito sorridente, Bruna Teixeira Rodrigues, de 7 anos, é uma espécie de líder da turma dela. A menina coordena as ações das amiguinhas e diz que gosta demais da professora Alessandra e das aulas de informática. “Eu gosto muito de vir pra aula, porque a professora é legal e a gente aprende umas coisas bacanas no computador”, disse a menina.
Pontuação - Belém registrou um crescimento de 0.5, enquanto Teresina (PI) e Rio Branco (AC) ficaram em primeiro lugar, crescendo 0.7; e os municípios de Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Maceió (AL) ficaram em segundo, com 0.6.
Entre as escolas municipais que registraram o maior Ideb estão a Sílvio Leandro, no Coqueiro; a Ernestina Rodrigues, em São Brás; a Theodor Badotti e a Professor Paulo Freire, no Tenoné; a Amância Pantoja, no bairro de Fátima; a Sílvio Nascimento, na Condor; e a Honorato Filgueiras, composta por três núcleos, no bairro da Cidade Velha.
Ideb - O Ideb foi criado em 2007 e reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações.
O índice é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) - para as unidades da federação e para o país; e a Prova Brasil - para os municípios. O índice varia de zero a dez. A prova do Ideb é realizada a cada dois anos.
Em 2015, a nota do Ideb para os anos iniciais (1º ao 5º ano) foi de foi 4.6, e nos anos finais (6º ao 9º ano) de 4.0. Em 2017, nos anos iniciais foi de 5.1, atingindo a meta prevista para 2019, e dos anos finais foi de 4.3.