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Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania

Foto: NID/Comus
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania
Auto do Círio do Crie conta a história do Arraial de Nazaré com inclusão e cidadania

O público foi recebido com uma decoração feita pelos próprios alunos atendidos pelas Salas de Recursos Multifuncionais das escolas municipais.

O Auto do Círio do Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes (Crie), realizado na noite da última sexta-feira, 05, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semec), homenageou o tradicional Arraial de Nazaré. A quinta edição do evento contou com a participação de cerca de 50 crianças atendidas no espaço, além de familiares e professores da rede municipal, que puderam brincar com jogos típicos e prestigiar encenações que contam a história do Círio de Nazaré. O evento foi marcado pela inclusão, já que todo o roteiro foi narrado com a audiodescrição feita para os alunos cegos e a interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para os alunos surdos.

“É uma integração entre a família dos alunos e dos servidores. Hoje, todos são personagens representando a grande família da educação especial. É um sentimento de amor nesse momento de confraternização, de festa”, avalia a coordenadora do Crie, Denise Costa. Os alunos e professores ensaiaram por duas semanas as apresentações para que tudo estivesse à altura dos convidados.

O público foi recebido com uma decoração feita pelos próprios alunos atendidos pelas Salas de Recursos Multifuncionais das escolas municipais. O manto de Nossa Senhora de Nazaré foi confeccionado pelos alunos da Escola Municipal Ernestina Rodrigues.

A trilha sonora, composta por músicas populares, de circo e carimbó, esteve por conta da Rádio Cipó, comandada pelo aluno Hélio Moura, de 18 anos. Hélio é cego e apaixonado por música. “Para mim é muito bom tocar para essa galera bacana, eu tenho um carinho muito grande por todos eles. A gente sempre chega e faz a onda para trazer alegria para o nosso povo que está curtindo com a gente a nossa festa”, conta o DJ. Hélio sonha em seguir a carreira profissional na discotecagem. “Esse sonho eu tenho desde criança e é uma coisa minha. Eu tenho muitos ídolos DJs, e sempre falo ao vivo em uma rádio comunitária”, ele se orgulha.

Para abrir as apresentações, a professora do programa Artes Cênicas, Expressão e Inclusão (ACEI), Cecília Barriga, conduziu as crianças e a plateia na dança da canção “Círios”, de Vital Lima. A personagem de Cecília, Mademoiselle Clown, convidou todos para a roda de dança. “Nesse projeto a gente está como um todo, a gente transcende a função. O projeto reverbera pelo ano inteiro. E todo dia a gente precisa se desafiar a ser inclusivo. É necessário que se compreenda como equipe multifuncional”, avalia a professora.

Uma das crianças que participou da ciranda foi Wallace Rodrigo Veríssimo, de nove anos, que tem síndrome de down, e estava acompanhado pela mãe, Socorro Veríssimo. “Ele ama música e futebol. Agora vamos colocar ele no teatro, porque ele gosta”, Socorro conta orgulhosa. Wallace ensaiava os passos da dança entre uma brincadeira e outra. O garoto se apresentou junto com a professora Cecília Barriga.

Maria Cláudia dos Santos levou o filho, Eric Henrique dos Santos, e o sobrinho, Cauã Cardoso, ambos de nove anos, para participarem do Auto do Círio. “Estou achando muito bom. Todos os lugares deveriam ter um projeto desses para eles”, ela estima. Cauã, que tem autismo, aproveitou todos os brinquedos do espaço. “Estou achando muito legal. Gostei mais da caixa”, ele diz, apontando para a caixinha em formato de palco de teatro, com palavras de incentivo, que ele carrega no pescoço.

A equipe do ACEI é a responsável pela organização do Auto do Círio do Crie. A professora Cacau Novaes conta que o centro faz um evento cultural para poder celebrar o Círio de uma forma artística e também trazer os alunos para participarem do Círio. “A maioria dos nossos alunos acaba não conseguindo seguir a programação da cidade de Belém porque são cadeirantes, por causa do barulho. Então nosso Círio possibilita que esses alunos participem”, disse.

A lenda do achado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelo pescador Plácido foi encenada juntamente com a canção “Ave Maria”, interpretada pelo Coro de Libras do Crie, coordenados pelos professores. A linguagem de sinais tem espaço importante no Auto do Círio do Crie. O professor de Libras Alan Ferreira faz parte da equipe que interpreta todo o roteiro do evento em Libras. Para ele, “esse serviço é importante para os surdos terem acesso à informação, no sentido de possibilitar o entendimento do enredo e para que eles não fiquem de fora de tudo o que for passado. Libras é a língua materna dos surdos”. Alan divide o trabalho de interpretar em Libras com a professora Cássia Mendes.

Foram apresentados também os projetos de dança, música e teatro das Salas de Recursos Multifuncionais. A procissão foi anunciada e o público convidado para conduzir os elementos que representam o círio, como a tradicional corda e o manto de Nossa Senhora de Nazaré em barco de miriti.

O Auto do Círio do Crie contou com o trabalho de audiodescrição, que beneficiou não somente os alunos, mas também os professores cegos. “É um processo que vem em evolução, que é a descrição daquelas cenas silenciosas, imagética. A narração é feita no alto-falante. Até para que as pessoas que não sabem o que é audiodescrição fiquem curiosas pelo estudo, pela temática, e até mesmo para que nos próximos anos queiram fazer cursos e se aperfeiçoar na área”, explica o professor de Braile, Aguinaldo Barros, que é cego.

Para ele, o Auto do Círio do Crie “a cada ano tem mais criatividade, tem exposições, tem obras de arte, muita coisa interessante. Nós trabalhamos para fomentar a importância do Crie e fortalecer esse processo de inclusão”, declarou o professor, que  encerrou a programação cantando a música “Festa do Círio de Nazaré”.

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