Eram quase 18h quando a Berlinda saiu, iluminando a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Em volta, o sentimento era de amor e gratidão. Entre lágrimas, orações e suor, os fiéis agradeciam pelas bênçãos e pediam proteção. A Trasladação, quinta romaria oficial do Círio 2018, faz o percurso da avenida Nazaré até a Catedral da Sé, na Cidade Velha. A Santinha foi puxada pela tradicional corda dos promesseiros e levada por uma multidão apaixonada.
Antes da procissão, uma missa foi celebrada pelo arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira. A multidão no pátio do Colégio Gentil Bittencourt já indicava que a procissão seria grandiosa.
Os pedidos pela interseção da Santa eram variados. Jeisiane Castro estava aguardando a saída para carregar a corda pela saúde da mãe. “Esse é meu segundo ano na corda e eu virei até quando eu conseguir a graça. É uma sensação indescritível, é uma emoção, uma sensação tão boa de dever cumprido”, disse Jeisiane, que chegou cedo para garantir um espaço dos mais concorridos.
O ordenamento dos fieis ficou por conta da Guarda da Santa, que ajudou a manter os promesseiros dentro do espaço destinado. Edivino Ramos trabalha na Guarda na Trasladação há três anos e sabe bem como é acompanhar uma procissão na corda, que mede 400 metros. “Eu sou de Moju e participo na Trasladação servindo como guarda e no domingo eu vou na Corda, pedindo e renovando o voto”, conta.
Pelas ruas de Belém era possível ver o quanto a “Nazinha” é querida pelos paraenses. “Eu já tenho 60 anos e venho desde criancinha. É um sentimento muito forte, muito bom, a gente não aguenta”, disse Madalena Martins, com lágrimas nos olhos.
Com menos idade, Adrya Santos foi carregando os livros em agradecimento por ter passado em seis vestibulares. “Foi maravilhoso. Ajoelhada no meu quarto eu disse ‘Nazinha, se eu passar eu prometo que levo meus livros todos na cabeça’ e ela foi generosa demais comigo, porque ela me deu as seis vitórias mais lindas da minha vida”, disse a estudante de 17 anos.
Na Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem), servidores e convidados da Prefeitura de Belém puderam assistir à passagem de Nossa Senhora e prestar suas homenagens à Rainha da Amazônia. “É hora de agradecer tudo o que a gente tem e pedir que nos ilumine, que a gente faça o melhor para a população, sempre. Já é uma tradição, desde a década de 70, a Codem se confirmar como esse ponto de apreciação”, disse o presidente da Codem, João Cláudio Klautau. O estacionamento do órgão, localizado na avenida Nazaré, na esquina com a Rua Quintino Bocaiúva, todo ano é cedido para a Cruz Vermelha Brasileira se concentrar e realizar os atendimentos médicos aos romeiros.
A procissão durou cerca de cinco horas e percorreu 3,670 quilômetros, iluminada pelas velas dos devotos e marcada pela emoção e pelo altruísmo de quem se dedicou para que fosse realizada. A Prefeitura de Belém atuou com as Secretarias Municipais de Economia (Secon), Urbanismo (Seurb) e Saneamento (Sesan) e com a Guarda Municipal de Belém (GMB), Defesa Civil Municipal e Ordem Pública.
Para realizar o atendimento de fiéis que se ferissem ou passassem mal no decorrer da procissão, as equipes da Defesa Civil estavam a postos. Foram 100 socorristas distribuídos entre sete postos para atender problemas de baixa complexidade e encaminhar a uma unidade hospitalar aqueles de maior complexidade. “A maioria dos atendimentos é simples, podem ser feitos pelos técnicos em enfermagem. Os atendimentos na Trasladação são em torno de 250 e geralmente são resolvidos nos postos de atendimento”, informou Claudionor Corrêa, coordenador de operações da Defesa Civil.
Garantindo a segurança dos romeiros, a Guarda Municipal atuou com 100 guardas distribuídos em todo o percurso da romaria, mais um reforço de 54 homens no fechamento de nove pontos de vias.
A Secon e a Ordem Pública atuaram na fiscalização e no ordenamento dos ambulantes, concentrados na praça Waldemar Henrique. Cerca de 70 ambulantes, legalizados, venderam água, refrigerante e comidas típicas, não sendo permitida a venda nas vias do trajeto das romarias.
A manutenção da iluminação nos bairros de maior fluxo durante a festividade ficou por conta da Seurb, que fez a ornamentação luminosa da cidade, recuperou alguns pontos de obstrução e fiscalizou as instalações de palanques, palcos e demais estruturas.
Antes e ao final da procissão, os agentes de limpeza urbana da Sesan passaram para recolher todo o material despejado das ruas. Foi disponibilizado um efetivo de mais de mil agentes para atuarem nas procissões do final de semana.