O Projeto de Inclusão do professor Itair Medeiros, da Escola Municipal Professora Terezinha Souza, no bairro do Castanheira, vem recebendo o reconhecimento dos alunos e de entidades nacionais pela inclusão e pela utilização de materiais cotidianos e reciclados nas aulas de educação física. Até agora, são quatro títulos que reconhecem o trabalho do professor e da Secretaria Municipal de Educação (Semec).
Entre os títulos estão o “Desafio Diário de Inovações”, que publicou em um ebook a iniciativa do Projeto de Inclusão, o “Portas Abertas para a Inclusão”, que compartilhou em publicações os conhecimentos do projeto inclusivo, o “Escolas Transformadoras”, que reúne experiências sociais relevantes, e o “Prêmio Paratodos”, uma premiação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que premia iniciativas de inclusão educacional.
O mini circuito de atletismo faz parte do projeto e conta com oito modalidades: salto em altura, salto triplo, salto cruzado, corrida com obstáculo, salto em distância, salto com vara, arremesso de dardo, arremesso de peso e corrida de revezamento. Também é realizado o mini tênis inclusivo, que redimensiona o esporte e o aproxima dos alunos, principalmente aqueles com deficiência. O professor Itair explica que as atividades são baseadas nas regras institucionalizadas dos esportes de rendimento, mas é tida em conta a possibilidade de movimento das crianças.
"Chegando na escola, a gente flexibilizou todos os códigos do esporte de rendimento e considerou dar a oportunidade da criança se movimentar. Com essa ideia, a gente consegue aproximar as crianças da realidade da atividade física e dos esportes inclusivos”, conta Itair. Os alunos do 1º ao 5º ano participam do projeto, que já faz parte do currículo da escola e é realizado durante o ano, com a culminância nos Jogos Cooperativos da Escola, realizado em dezembro.
Na escola há crianças com baixa visão, com síndrome de Down, deficiência intelectual, transtorno global do desenvolvimento, entre outras deficiências. Todas trabalham os exercícios com a cooperação dos colegas. As crianças fazem o movimento livre e, a partir disso, o professor indica como é o movimento técnico. “Ninguém fica para trás. Todo mundo está aqui vivendo seu tempo, seu momento, da melhor forma possível, com acessibilidade e possibilidade de movimento”, explica o professor.
Os materiais utilizados são pneus de bicicleta, moto e carro, garrafa pet, papelão, jornal, cano de PVC, vara de bambu e bambolês. "Quando eles veem essa diversidade de materiais, esse colorido, que são materiais de reuso, eles ficam admirados. Eles participam de forma espontânea e intensa", disse o professor. As atividades do projeto recebem o apoio do Departamento de Educação Física da Semec, que levou o professor a apresentar o projeto em duas escolas, inclusive para crianças da educação infantil.
“O que mais me agrada é a união que tem na escola. A gente vê o nosso trabalho levando benefício para quem precisa, que são as crianças. Temos o material humano, que são as crianças, e elas são pessoas favoráveis à aprendizagem e a gente apresentando essas oportunidades para elas, é uma alegria só”, completa.
As crianças, principalmente as do 5º ano, aprovam as atividades do projeto e colaboram com o sentido de inclusão da proposta. “Eu participei de todas as gincanas com uma amiga que tem uma deficiência e achei bom, me diverti muito. Todo mundo pôde conviver com essas pessoas e saber que elas são iguais a gente”, conta Maria Paula Carvalho, de 11 anos.
Luan dos Santos, também de 11 anos, completa: “tem pessoas que são excluídas porque são deficientes, mas aqui a gente brinca e faz tudo junto com elas. O professor ensina que não podemos fazer bullying e ninguém vai fazer bullying com a gente”.
“As pessoas se desenvolveram mais e os professores ajudaram muito. O professor Itair fala sobre criatividade para a gente brincar na rua, a gente aprende algumas coisas e faz”, relata a aluna Isabelle de Andrade, de 11 anos. Colega de turma, Ryan da Rocha levou as atividades para dentro de casa, para brincar com a irmã de três anos. “O professor me ajuda a aprender e ensinar. Eu ensino as brincadeiras que tem no circuito de atletismo. Tudo eu levo para casa para ensinar a ela”, disse o garoto de 11 anos.