Na terça-feira, 12, logo cedo, uma equipe da Prefeitura de Belém, funcionários da Secretaria de Saneamento (Sesan), recolheu todo o lixo e entulho depositado na esquina da travessa Timbó com o canal da avenida Visconde de Inhaúma, no bairro da Pedreira. Na mesma terça-feira, às 16h30, oito horas depois, o local estava, novamente, repleto de lixo ocupando parte da pista e parte interna do canal. Uma situação lamentável que reflete um dos principais problemas do município de Belém: o descarte irregular de lixo e entulho em via pública.
O ocorrido na esquina da travessa Timbó é repetido diariamente em vários pontos de descarte irregular da capital paraense, como no Canal do Galo com a travessa Pirajá, avenida Bernardo Sayão com a travessa Quintino Bocaiúva, travessa Barão do Triunfo com avenida Paulo II, avenida Fernando Guilhon entre Breves e Monte Alegre, entre outros. Denominados de pontos críticos, esses locais recebem atenção especial dos agentes de serviços urbanos da Sesan.
“Nossas equipes trabalham diariamente para manter esses locais limpos, mas a população também precisa colaborar não despejando lixo na via pública e nem em canais”, declarou Marcus Carvalho, diretor do Departamento de Resíduos Sólidos (DRES) da Sesan.
Canais - A situação é preocupante, já que grande parte desse lixo vai parar dentro dos canais, obstruindo a tubulação, impedindo o escoamento da água e transbordando os canais. O resultado são os constantes alagamentos que causam uma série de transtornos. “Precisamos ter consciência dos nossos atos, pois são os próprios moradores que depositam o lixo na beira do canal. Somos os mais prejudicados, por isso temos que fazer a nossa parte que é não jogar lixo na rua”, declarou a moradora Isabel Correa, de 64 anos, que reside às proximidades do canal da Visconde.
Parado diante do monturo de lixo despejado na esquina da travessa Timbó com a Visconde, o autônomo Rubinaldo Damasceno Guedes, de 63 anos, parecia não acreditar na quantidade de lixo depositado no local, horas após a limpeza. “O carro coletor passou cedo e recolheu tudo e deixou limpinho. Agora já tem sofá, mesa, caixote e até armário jogado no meio da rua. Isso é muita falta de respeito, pois a Prefeitura faz a parte dela, mas não vai adiantar nada se a população não colaborar”, lamentou o morador, que reside há 40 anos no local.
O comerciante Jaime Dias Leão, de 63 anos, não escondia a revolta ao se deparar com a quantidade de lixo depositado no canal da Visconde. “Sou um dos mais prejudicados aqui neste trecho, pois tenho um estabelecimento comercial e o lixo está quase dentro do meu comércio. Isso é revoltante, pois esse entulho é recolhido duas vezes ao dia, mas o povo não ajuda. É uma questão de falta de educação mesmo”, desabafou o morador.
Descarte criminoso - A ação de carrinheiros, que despejam lixo e entulho diariamente nas ruas e canais da cidade, também contribui para o problema. Conscientizar a população de que o descarte irregular de lixo prejudica não somente a quem reside próximo ao ponto crítico, mas a toda população não é tarefa nada fácil. Educadores ambientais da Sesan percorrem diariamente os bairros da cidade levando orientações aos moradores.
Enquanto isso, a Prefeitura segue com ações de limpeza constantes com o objetivo de eliminar os pontos críticos. Mais de 50 locais de descarte criminoso de lixo foram eliminados em 15 bairros de Belém, segundo levantamento realizado pela Sesan no ano de 2018. Dos mais de 500 pontos contabilizados em 2013, exatos 55 tiveram o descarte interrompido ou controlado, o que representa uma redução de aproximadamente 10%.
Os pontos críticos eliminados cederam espaço para as áreas verdes, onde foram montados belos jardins que deram um novo colorido ao local. Todos os locais recuperados continuam no roteiro de fiscalização, com o objetivo de evitar que estes pontos voltem a ser utilizados para descartar lixo.
“No ano passado conseguimos eliminar 27 pontos de descarte, graças ao reforço da fiscalização e ações coordenadas de educação ambiental. Os moradores também colaboraram e se envolveram na montagem das áreas verdes que substituíram os pontos críticos”, destacou o titular da Sesan, Claudio Mercês.