Em homenagem ao nascimento de José Álvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil, foi criado o Dia Nacional do Sistema Braille, celebrado nesta segunda-feira, 8. Atualmente, cerca de 80 alunos cegos e com baixa visão, matriculados em 76 escolas da Rede Municipal de Ensino de Belém, fazem parte do programa “Nas Tuas Mãos”, que é desenvolvido por professores da Prefeitura de Belém, por meio do Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes (Crie), espaço vinculado à Secretaria Municipal de Educação (Semec).
Para Inácio de Jesus Fonseca, de 32 anos, o projeto foi essencial ao desenvolvimento da filha, Taíssa Fonseca, de sete anos, que é aluna da Escola Municipal Olga Benário, do bairro de Águas Lindas. “Se não tivesse esse projeto, talvez ela não tivesse o desenvolvimento que tem hoje”, conta o pai.
O programa “Nas Tuas Mãos” passou tranquilidade para família da aluna Taíssa Fonseca, pois não sabiam o caminho a trilhar. “Depois que a minha filha passou a frequentar as aulas no contra turno, aprendeu a usar a reglete (uma espécie de caneta), desenvolver o Braille e começou a ler. Hoje, praticamente, ela já tem o domínio completo do Braille, eu percebo a alegria dela de estar superando os obstáculos”, comemora Inácio Fonseca.
Programa - O programa tem o objetivo de alfabetizar, em língua portuguesa, as pessoas cegas por meio do Sistema Braille. A equipe do programa é composta por profissionais treinados por meio de formação continuada, para melhor acolher os alunos e familiares nas escolas.
Para garantir a inserção e permanência dos alunos na rede municipal de ensino, professores capacitados desenvolvem atividades semanais, em salas de recursos multifuncionais. “O atendimento educacional especializado é realizado no contra turno, onde são trabalhados o sistema Braille e o sistema Dosvox, que é o software de voz, voltado para leitura de pessoas cegas no computador”, explica o coordenador do projeto, professor Aguinaldo Barros.
Para ex-aluna Thais de Fátima Santos, 24 anos, que estudou por quatro anos na Escola Maria Luiza Pinto de Amaral, onde concluiu o ensino fundamental, o Braille foi uma oportunidade para enfrentar a nova realidade. “Aos 14 anos, perdi a visão e tive que aprender Braille e foi quando percebi a importância desse sistema para vida do cego. Sempre gostei de ler e naquele momento não conseguia, mas com a oportunidade de aprender a usar os sistemas Braille e Dosvox, pude me sentir parte da sociedade”, conta Thais Santos.
História - José Álvares de Azevedo nasceu cego, na adolescência foi para Paris, estudar no instituto Real dos Jovens Cegos. Após retornar dos estudos, implantou o Sistema Braille no Brasil. O sistema foi criado em 1823, na França por Louis Braille, sendo constituído de códigos em alto relevo, formando as letras do alfabeto, números e símbolos.
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