"Há alguns anos sofri um acidente e quebrei os dois braços. Durante 45 dias fiquei totalmente dependente das outras pessoas. Passei por uma cirurgia para colocar uma platina, fiz muita fisioterapia e tive muito apoio psicológico. Graças a Deus recuperei o movimento dos meus braços", lembra Ellen Brasil, que neste período decidiu ser professora de educação especial para ajudar pessoas com deficiência a se tornarem cada vez mais independentes.
Ellen atua há oito anos na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da Escola Municipal de Ensino Fundamental Anna Barreau Menineia, na ilha de Mosqueiro. Atualmente, atende 24 alunos com deficiências variadas, como autismo, paralisia cerebral, transtornos mentais, deficiência intelectual, síndrome de Down, surdez, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), hiperatividade, transtorno de déficit de atenção (TDA) e transtorno opositivo-desafiador (TOD).
"Meu desejo e desafio de coração é mostrar para a sociedade que os meus alunos são capazes, que podem ser sujeitos ativos. Isto me motiva a descobrir sempre talentos incríveis em cada um deles. Aprendo demais com eles", afirma Ellen.
A professora se destaca em projetos como “Puff Literário” e “Torre de Hanói”, que ficou em segundo lugar no Prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação (MEC), em 2017. Ela não mede esforços para criar materiais que auxiliem no ensino e na aprendizagem dos alunos e sempre mantém uma relação próxima com as famílias, dando orientações para que o atendimento se estenda em casa e não interrompa o desenvolvimento dos alunos.
Projeto - Com a suspensão das aulas, determinada pelo Decreto Municipal 95.955, de combate à proliferação da covid-19, a professora criou o projeto "AEE em casa", em referência ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) da escola, para que não haja um retrocesso no desempenho dos alunos.
Com a pandemia, o celular e o grupo de Whatsapp tornou-se uma ferramenta imprescindível para manter o atendimento, uma vez que quando a rotina muda, o comportamento das crianças também muda. Assim, professora teve a ideia de produzir um vídeo personalizado para cada aluno. São infinitas as alternativas usadas para atrair a atenção dos alunos, desde super heróis, carrinhos de garrafa pet e vídeos na língua de sinais, Libras. Cada responsável manda de volta vídeos mostrando os filhos fazendo as atividades.
"Todos os dias recebo os vídeos das atividades que enviei. Os pais agradecem e se empenham mesmo. Meus alunis se envolvem nas atividades. E sinceramente, por ser uma nova proposta, não achei que teria esse retorno tão positivo", diz Ellen, feliz com o objetivo alcançado.
Família - Entre tantos pais acolhidos pela professora está Suelen Damasceno, mãe de Ramon Stive, de 9 anos, estudante do 4º ano, diagnosticado com TDAH. "Desde pequeno procurei estimular o desenvolvimento dele, mas depois que ele começou a receber o atendimento na escola Anna Barreau melhorou muito, principalmente a leitura. E o comportamento, agora, está compatível com uma criança da idade dele", destaca.
Para o pequeno Ramon, a professora Ellen preparou um vídeo com super heróis e de forma lúdica solicitou que ele escrevesse o nome dos bonecos. "A professora Ellen é maravilhosa. As videoaulas são excelentes. Eu não saberia como lidar com ele em casa. Ela me orienta e ele fica super feliz quando a vê. Antes, ele ficava correndo pela casa, gritando, falando e puxando o irmão de 2 anos, estava uma bagunça. Tendo a atividade, ele para mais e se concentra", relata Suelen, que é dona de casa.
Para Paulo da Silva, de 5 anos, da Escola Fundação Acolher, conveniada à Prefeitura de Belém, a professora Ellen pensou em uma atividade com carros e ensinou a mãe, Liriane Santos Reis, a fazer um carro de garrafa pet para ajudar na tarefa de reconhecimento das letras e formação das palavras.
"Ele foi diagnosticado há três anos com autismo. E meu filho não é aluno da escola Anna Barreau, onde a professora atende. Mas ela nos abraçou. O atendimento dela é único, porque foca no que a criança gosta para ajudar aprender. Essa iniciativa do ‘AEE em casa’ é incrível para as crianças não perderem o atendimento. Gostei de ela ter se importado com os nossos filhos que precisam de atendimento todos os dias", agradece Liriane.
Crie – Durante o isolamento social, o Centro de Referência em Inclusão Educativa (Crie) Gabriel Lima Mendes segue com o atendimento via WhatsApp com orientações e compartilhamento de atividades pedagógicas e lúdicas em vídeos e textos preparados pelos psicólogos, fisioterapeutas, psicopedagogos, fonoaudiólogos e outros profissionais, para todos os alunos com deficiência.
Em Mosqueiro, professora da educação especial mantém atendimento para alunos com deficiência
28/04/2020 10:43