Ler e escrever parece algo simples, mas para a pensionista Valterlina Lopes, 78, é um grande sonho realizado que gera novas oportunidades e dá orgulho aos amigos e familiares. Ela foi uma das 650 alfabetizadas e alfabetizados do programa Belém Alfabetizada, da Prefeitura de Belém, que receberam o certificação de conclusão do curso na noite desta terça-feira, 29, no Hangar-Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.
"Para mim foi um feito aprender a ler e a escrever", contou emocionada Valterlina. "Agora eu leio tudo que aparece na minha frente, receita de comida, bula de remédio e tudo que vier".
O mesmo sentimento tomou conta da autônoma Sofia Marques dos Santos, 52, uma das 565 certificadas pela modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai). Sofia estudou durante quase nove meses para concluir o ensino fundamental na Escola Municipal Florestan Fernandes, bairro do Parque Verde.
"Há mais de 20 anos que eu não estudava e senti o desejo de voltar a estudar esse ano", disse Sofia. "No início foi muito difícil porque tudo era novo. Eu tinha medo de voltar a estudar. Mas os professores nos incentivaram muito todos dias. Foram quase nove meses de estudos. Eu peguei muito gosto pela leitura. Meus plano agora é agregar mais conhecimento e concluir o ensino médio", festejou Sofia.
Diálogo de Saberes
A cerimônia de certificação fez parte da programação da 19ª edição dos Diálogos de Saberes, com a temática “Educação Libertadora para uma Belém Alfabetizada, Educada, Leitora, Inclusiva e Antirracista", realizado nos dias 28 e 29, pela Prefeitura de Belém por meio da Secretaria Municipal Educação (Semec). O objetivo do Diálogo de Saberes foi socializar as experiências pedagógicas e culturais desenvolvidas por professoras e professores da rede municipal de educação.
No segundo e último dia do evento, cerca de 12 mil pessoas passaram pelos estandes e puderam conhecer o empenho da Prefeitura de Belém por meio dos projetos, ações e programas que valorizam a educação infantil até a alfabetização de jovens, adultos e idosos.
Por meio do evento, a Prefeitura de Belém reafirmou o compromisso com a educação, assim como tornar Belém, de fato, uma cidade alfabetizada, educada, leitora, inclusiva e antirracista.
Direito
"É o direito à educação de todos e todas, especialmente às pessoas que tiveram que trabalhar na infância", também festejou o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues.
"A Prefeitura entra com potência garantindo professores qualificados para dar a essas pessoas o direito de sonhar. Por isso elas estão aqui emocionadas por receber o diploma e vão realizar o sonho de continuar os estudos e cursar a universidade. Essas pessoas fazem parte de um contingente que vão tornar, até 2024, Belém a primeira cidade totalmente alfabetizada do Brasil, um território livre do analfabetismo. Alfabetizar com um tipo de educação libertadora e que ensine o principal: ler o mundo. E é esse sonho de justiça, igualdade e democracia que se expressa no governo da nossa gente que eu tenho a honra de coordenar", enfatizou o prefeito.
Realizar sonhos
Para a moradora do bairro da Sacramenta Maria José Campelo Mendes, 65, a política municipal de alfabetizar e incentivar a conclusão dos estudos é uma passo para a realizações de sonhos. Como o sonho do neto da Maria José de ver a "vó" concluir o ensino fundamental.
"Meu neto passou em três faculdades. E no dia da comemoração da aprovação, ele foi em casa e me disse, 'assim como eu tô me formando e a minha vó orou muito por mim pra que eu chegasse aqui: agora é a vez da minha vó começar de novo a estudar'. Aí eu comecei. Foi uma oportunidade. Foi muito bom. E agora eu quero continuar os meus estudos. Nada tá perdido. A gente pode recomeçar tudo", exultou Maria José.