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Escola transforma literatura paraense em festa de aprendizagem

A Escola Municipal Maria Luiza Pinto do Amaral desenvolveu projeto literário inspirado nos “Contos de Dona Onete”, unindo leitura, arte e identidade regional. A culminância teve a presença da diva do carimbó e encantou toda a comunidade escolar.
Foto: Mayara Coqueiro/Ascom Semec
Escola transforma literatura paraense em festa de aprendizagem
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Escola e cultura caminham juntas e o resultado é aprendizado com pertencimento e emoção.

Na Escola Municipal Maria Luiza Pinto do Amaral, no bairro da Sacramenta, literatura virou sinônimo de alegria, identidade e pertencimento. Em um projeto que começou com simples cartinhas escritas por crianças do 1º ao 5º ano, e terminou com a presença da própria homenageada, a artista paraense Dona Onete, o aprendizado ganhou ritmo de carimbó e o Ver-o-Peso se transformou em cenário lúdico dentro da escola.

Batizado de “Celebrando a Literatura Paraense com os Contos de Dona Onete: ‘A festa no Ver-o-Peso”, o projeto foi idealizado com base no programa Pró-Leitura Belém, com o objetivo de incentivar o letramento literário e valorizar a produção cultural local. Tudo começou em 2024, quando os alunos, após lerem histórias da coleção escrita por Josivana de Castro Rodrigues, neta da cantora, escreveram cartinhas para Dona Onete. Emocionada, a artista respondeu com um vídeo carinhoso e presenteou a escola com o box completo da obra.

“A Dona Onete tá aqui na nossa escola é muito importante pra gente. A gente quer aprender mais sobre a história dela, sobre a história do Pará”, disse a aluna Ketlyn Vitória Monteiro, do 5º ano, sobre o encontro.

Cultura regional inspira e enriquece práticas pedagógicas na escola 

A obra escolhida para inspirar a culminância do projeto foi o conto “A Festa no Ver-o-Peso”, que se tornou ponto de partida para uma série de atividades pedagógicas: leitura deleite, rodas de conversa, produção de textos, pesquisas, passeios culturais e oficinas artísticas. As crianças dramatizaram a história, criaram adereços, montaram exposições de frutas regionais e encenaram danças embaladas pela música “No meio do pitiú”.

“A ideia nasceu em 2022, quando recebi o box da Josivana. Percebi o quanto esse material poderia enriquecer as práticas pedagógicas. Em 2023 e 2024, ampliamos o trabalho em sala e as crianças começaram a escrever para Dona Onete. Quando ela respondeu, sentimos que aquilo precisava ir além”, conta o professor Esmeraldo Pires, que há quatro anos atua na escola.

O projeto envolveu toda a comunidade escolar, com a participação de professores, coordenadores, artistas locais e parceiros como o grupo Flor da Amazônia e a professora de arte Salomé Barros. Para a técnica pedagógica Adriane Gama, a união entre cultura e educação é a chave para a formação de leitores conscientes. “A obra de Dona Onete fala do nosso rico Pará de uma forma encantadora. A gente leu, releu, cantou e encantou. Foi um trabalho coletivo, apaixonante, que aproximou a comunidade da escola”, afirmou.

A visita da artista foi o ponto alto da programação. Aos 85 anos, Dona Onete é um dos nomes mais respeitados da cultura amazônica e desde 2022 é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Pará, título concedido pela Assembleia Legislativa em reconhecimento à sua trajetória artística e ao impacto de sua obra.

“Eu fiquei encantada! Pensei que ia só falar, mas encontrei uma festa feita pelas próprias crianças. Fizeram música, dança, jornalismo. Eles fizeram tudo! Isso é o que eu sempre quis: ver a cultura paraense entrando nas escolas”, declarou a artista.

Com forte enfoque na literatura infantojuvenil paraense, o projeto permitiu que os alunos desenvolvessem habilidades de leitura, escrita, expressão corporal e criatividade, sempre de forma lúdica. Cada atividade reforçava o senso de identidade regional e a importância de valorizar autores locais.

“O que aconteceu aqui foi mais do que um projeto literário. Foi uma celebração à memória, à ancestralidade e à riqueza da cultura paraense. E as crianças levarão essa experiência para a vida inteira”, resumiu o professor Esmeraldo.

Dona Onete: diva do carimbó, professora da cultura

Nascida em Igarapé-Miri, Ionete da Silveira Gama, a Dona Onete, começou sua trajetória como professora, antes de se tornar conhecida mundialmente como a “Diva do Carimbó Chamegado”. Sua obra mistura tradição oral, ritmos amazônicos e histórias do cotidiano paraense. Ao ser declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Pará, sua importância para a identidade local foi oficialmente reconhecida, mas para os alunos da Maria Luiza Pinto do Amaral, esse título já era evidente muito antes: ela já fazia parte da vida deles pelas páginas dos livros.

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