Em um cenário onde a inclusão educacional se torna cada vez mais essencial, Belém deu um passo significativo ao realizar o 1º Encontro do Programa de Formação Continuada em Educação Especial – Plano 1. O evento, voltado para professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), marcou o início de um novo ciclo de políticas públicas inclusivas na Rede Municipal de Ensino.
O encontro reuniu educadores, gestores e especialistas em um ambiente de aprendizado e troca de experiências. A programação contou com palestras sobre políticas públicas de inclusão, o papel do docente na educação inclusiva, autismo e a importância do diagnóstico precoce, entre outros temas relevantes.

A secretária municipal de Inclusão e Acessibilidade, Nay Barbalho, destacou: “Sim, a valorização da educação especial e inclusiva perpassa por muitos fatores, e um deles é exatamente a formação continuada de profissionais. E é isso que hoje o município de Belém está fazendo aqui e deve permanecer. formação continuada, como o próprio nome já diz, não deve acabar aqui. Mais momentos como esse devem acontecer. E é uma valorização ainda maior para esse público. Com certeza, os profissionais querem essa formação, querem aprender, e o município de Belém precisa fazer isso como forma de mostrar que valorizamos o profissional da educação, mas, principalmente, valorizamos uma educação especial de qualidade.”
Voz de quem vive a inclusão na prática
Entre os profissionais que atuam diretamente com os estudantes com deficiência na Rede Municipal de Ensino está o professor Agnaldo Barros, efetivo desde 2012. Ele é mediador do programa "Nas Tuas Mãos", no Centro de Referência em Inclusão Educacional (CRIE), assessorando pessoas com deficiência visual. Para ele, a formação continuada é uma ponte entre teoria, prática e sensibilidade.
“A importância de um evento como esse é justamente garantir nossa integração: professores do CRIE, das salas de recursos multifuncionais, para que a educação especial inclusiva continue acontecendo e sendo valorizada em Belém do Pará, principalmente, quando falamos dos nossos estudantes com deficiência, com transtorno do espectro autista, cuja demanda só cresce. Esse momento formativo é essencial para que tenhamos conhecimento da legislação e saibamos o que poderá ser feito pela rede municipal daqui pra frente”, afirmou o professor.

Ele também reforçou que os avanços deste ano são fruto direto da mobilização de quem está na linha de frente. “O que fortaleceu a inclusão em 2025 foi a luta dos profissionais que atuam diretamente, que sabem como trabalhar com pessoas com deficiência, e dos pais atípicos, que valorizam cada vez mais essa causa. Eles colocam nosso protagonismo em pauta. A gente costuma dizer: nada sobre nós, sem nós. Ninguém pode usufruir do direito à educação inclusiva sem ouvir quem vive essa realidade todos os dias”, concluiu.
A importância do acolhimento na prática cotidiana
Entre as convidadas do encontro, a mãe atípica Shirley Oliveira deu um depoimento comovente sobre a trajetória com o filho Antônio José, de 9 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ela faz parte do grupo Belém Neuroadversas, que desde janeiro formalizou s atuação como coletivo de apoio e luta por direitos para pessoas atípicas. Atualmente, o grupo reúne 63 responsáveis familiares, entre mães, pais e cuidadores.
“É muito importante para os professores que já estão na rede e os que estão chegando. Essa formação é o que a gente busca: conhecimento. Mas eu acho que o acolhimento que muitas vezes nós, mães, recebemos na sala do AEE é o que faz a diferença. É onde conseguimos mostrar a dificuldade do nosso filho, a necessidade que ele tem, para que essas professoras capacitadas somem junto ao ensino”, afirmou Shirley.

Ela ainda relembrou como foi o primeiro contato com a educação especial. “Há quatro anos, eu nem sabia o que era uma sala de recursos. Fui chamada, acolhida, informada. Entendi como funcionava, para quê ela existia dentro da escola. Essa formação é muito boa, e ela soma muito no dia a dia escolar dos nossos filhos, que são atípicos e têm muita dificuldade de aprender junto com o restante da turma”.
Um marco na gestão de 2025
Dados do IBGE indicam que o Pará possui aproximadamente 813 mil pessoas com algum tipo de deficiência, representando cerca de 10% da população estadual. Em Belém, esse número gira em torno de 132 mil pessoas.
Esses dados reforçam a importância de políticas públicas que garantam o acesso à educação de qualidade para todos, respeitando as singularidades de cada estudante.

A realização do 1º Encontro do Programa de Formação Continuada em Educação Especial simboliza o compromisso da Prefeitura de Belém com a inclusão e a valorização dos profissionais da educação. Ao investir na capacitação dos professores do AEE, a gestão municipal dá um passo importante para construir uma rede de ensino mais justa, acessível e humana.
Durante o evento, professores compartilharam suas experiências e desafios no atendimento a estudantes com deficiência. A formação continuada foi reconhecida como uma ferramenta essencial para aprimorar práticas pedagógicas e promover uma educação mais inclusiva e equitativa.
Com ações como essa, Belém se posiciona como referência na promoção de uma educação inclusiva, onde cada estudante é respeitado em sua individualidade e tem garantido o direito de aprender e se desenvolver plenamente.