Nesta quinta-feira, 5, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data, instituída pela ONU ainda na década de 1970, visa promover uma relação mais harmônica entre a população mundial e a natureza. De lá para cá, o debate ecológico evoluiu, assim como os problemas relacionados à limpeza das cidades. A gestão dos resíduos sólidos exige um esforço conjunto entre os entes públicos e a população. Uma das principais formas de mitigar os efeitos da presença humana na Terra é dar um destino adequado ao lixo produzido. Aliás, nem todo resíduo pode ser considerado lixo. Nas mãos de muitos, o que não serve para uns pode se tornar matéria-prima lucrativa.

“Por exemplo, o plástico.Quando ele chega aqui na cooperativa, a gente o subdivide em pelo menos oito tipos, por cor, por tipo, para que possamos agregar valor e ele tenha uma rentabilidade melhor para a cooperativa. E, após essa separação, conseguimos encaminhá-lo para as empresas, para as indústrias, para se transformar em um novo produto”, explica Débora Baía, presidente da cooperativa de recicláveis Concaves.
Para se ter uma ideia, de acordo com a última edição do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), o país reciclou 410 mil toneladas de embalagens PET (Polietileno Tereftalato) pós-consumo em 2024 – o que corresponde a 53% do total e representa um volume 14% superior às 359 mil toneladas registradas em 2022. O alumínio, segundo dados do governo federal, é o produto com maior taxa de reaproveitamento – cerca de 99% do material é reutilizado. Já uma pesquisa da Embrapa aponta que o lixo eletrônico é o que tem a menor porcentagem de reciclagem: apenas 3%.
A coleta de recicláveis vinha enfrentando problemas em Belém, segundo Débora, e uma reorganização está em andamento. “Na verdade, tivemos um pouco de atraso no desenvolvimento da coleta seletiva no município de Belém. A infraestrutura precária desmotivou muitas pessoas na cidade, porque elas já faziam a coleta seletiva e, a partir do momento em que a cooperativa não conseguia mais atender, deixaram de fazer, pois não tinham para onde destinar. Hoje, estamos conseguindo retomar essa confiança da população. A gestão atual está trabalhando com foco em atender o cidadão com a coleta seletiva, fortalecendo as cooperativas”, afirma.
Segundo ela, as cooperativas de coleta seletiva e os LEVs (Locais de Entrega Voluntária), instalados recentemente pela Prefeitura de Belém, ajudam a ampliar as opções para o descarte correto do material reciclável. “Quanto mais pontos tivermos em Belém, onde o cidadão possa identificar e levar o material reciclável próximo de sua casa, melhor. Porém, quando ele também vem até o galpão da cooperativa, consegue enxergar melhor o nosso trabalho. Não é somente o descarte, mas a transformação, a gestão da triagem e o envio para reciclagem”, diz.
A presidente também orienta como os moradores que nunca praticaram a separação podem começar a contribuir com a coleta seletiva. “Tudo aquilo que for reciclável – papel, plástico, vidro, metal – pode ser colocado em um único recipiente, porque, quando chega aqui na cooperativa, fazemos uma nova triagem. Essa separação mais minuciosa é feita por nós”, explica. “A população já separando, pelo menos, o seco do orgânico, já ajuda muito. E, principalmente, ter o cuidado de lavar as embalagens, como as de creme de leite ou refrigerante, é essencial para a segurança do cidadão, pois elas ficam armazenadas por um tempo em casa. Isso evita atrair ratos, formigas, baratas. É importante também para a saúde”, completa Débora.

Gestão de resíduos e logística reversa ainda são desafios no Brasil
Ted Vale é presidente do Alachaster, um instituto de Belém que promove o empreendedorismo sustentável por meio da transformação e da logística reversa como meio de vida para diversas pessoas e entidades. “Nós formamos uma associação, mas não éramos uma cooperativa de reciclagem. Tenho 25 anos de experiência na área de resíduos sólidos. O instituto existe há dez anos, e queríamos trabalhar com horta comunitária, resíduos sólidos, projetos sociais, brechó, ações de base, fazer mobilização social”, explica.
Segundo o empreendedor social, o desafio da gestão dos resíduos e da logística reversa é um problema histórico no Brasil. “Viemos tentando organizar esse ecossistema. Nós, população, Prefeitura e o Alachaster – que também está inserido nesse debate – precisamos participar”, afirma.
Na visão dele, a solução precisa ser compartilhada, e todos devem se conscientizar. “Existe uma massa considerável – e não são poucas pessoas – que acredita que suas atitudes não repercutem na limpeza da cidade”, opina Ted. “A primeira coisa é gerar esse incômodo, despertar as pessoas. E, a partir daí, buscar conhecimento. E hoje está fácil. Você encontra informações nos sites da Prefeitura, nas redes sociais da Prefeitura, no nosso Instagram, no Instagram das cooperativas, de consultores e assessores. Graças a um esforço e a um despertar coletivo, hoje há muita gente disposta a apoiar em termos de educação ambiental”, conclui.

Weyder Vasconcelos, 21, é universitário do curso de Design na Uepa. Para ele, o problema do lixo em Belém exige uma mudança mais profunda no comportamento da população. Embora não pratique a separação dos materiais recicláveis, afirma que pequenas atitudes individuais já fazem diferença. “Pessoalmente, eu diria que não participo, confesso que não faço parte de nenhum processo de reciclagem. Mas o que posso fazer é, por exemplo, guardar meu lixo em vez de jogar na rua, segurar comigo até encontrar uma lixeira. Esses pequenos detalhes também contam. Além disso, tento ser o menos consumista possível, ter um consumo mais consciente, para diminuir o impacto que eu deixo”, opina.
Passos detalhados para começar:
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Separe por tipo de material: Papel, plástico, metal e vidro são os principais materiais recicláveis. Separe-os com cuidado e evite misturar materiais diferentes.
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Lave e limpe os materiais: Certifique-se de que as embalagens estejam limpas antes de descartá-las, pois resíduos de alimentos ou líquidos podem contaminar a reciclagem.
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Use recipientes coloridos: Lixeiras com cores diferentes facilitam a identificação e a separação correta dos materiais. De início, duas já ajudam: Uma para orgânicos e outra para lixo seco
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Busque pontos de coleta: 22 LEVs estão à disposição da população por toda a capital para o descarte de recicláveis. Confira
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Reduza o consumo e reutilize: Antes de descartar um item, pense se ele pode ser reutilizado ou se você pode evitar o consumo de produtos descartáveis.
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Engaje-se com a comunidade: Participe de campanhas de conscientização e divulgue a importância da coleta seletiva para seus amigos e vizinhos.