O “Projeto Mini Tênis Inclusivo”, desenvolvido na Escola Municipal Teresinha Sousa, localizada no bairro Castanheira, ganhou primeira colocação no Prêmio "Paratodos" de Inclusão Escolar, da Fundação das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
É a segunda vez que a escola recebe reconhecimento por iniciativas de inclusão educacional. Em 2015 o projeto "Mini Atletismo" ficou em segundo lugar e virou motivo de orgulho para o professor de Educação Física, Itair Medeiros, coordenador das atividades.
“Estamos muito felizes pelo reconhecimento e nos sentimos cada vez mais motivados a desenvolver projetos inclusivos que mostrem, principalmente, que o segredo é despertar em cada criança, seja ela com deficiência ou não, o seu potencial”, destaca Medeiros.
O Mini Tênis Inclusivo é desenvolvido uma vez por semana durante as aulas de Educação Física, na quadra poliesportiva da escola. Participam dele todos os 530 estudantes matriculados na unidade educacional, sendo 16 crianças com diagnósticos de deficiências intelectual e auditiva, paralisia cerebral, distúrbio de comportamento, hiperatividade, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e síndromes de Turner e de Down.
Marcelo Castro, de 13 anos, foi diagnosticado desde que nasceu com deficiência intelectual. Ele conta que as aulas que envolvem atividades físicas são as preferidas. “Foi aqui na quadra que eu fiz minhas primeiras amizades. Hoje, já tenho muitos amigos, eles me ajudam nos exercícios e eu também os ajudo quando posso”, relata.
De acordo com o coordenador do projeto o adolescente obteve grande avanço no que se refere ao desenvolvimento físico, psicológico e social. “O Marcelo não conseguia interagir com as outras crianças, vivia isolado e não participava das atividades o que dificultava seu progresso”, explica. “Hoje, ele é um dos mais queridos da escola, e o mais disputado na hora da brincadeira”, afirma satisfeito.
As atividades do projeto são realizadas com apoio de todos os professores. Os materiais usados no projeto são confeccionados pelos próprios estudantes com materiais recicláveis como garrafa pet, cabos de vassoura, telas de fachada, bolas de borracha de vários tamanhos e cores, pneus de carro e tubos de PVC.
A ideia é seguir as estratégias do tênis, só que de maneira adaptável às necessidades de cada aluno. “Aqui, o objetivo é variar os movimentos com o corpo, onde cada aluno procura seus próprios desafios em busca da ampliação do repertório motor”, explica Medeiros. Ainda segundo ele, “apesar do desafio ser individual onde cada aluno supera suas limitações, a vitória é de forma coletiva”.
Estudante do 3º ano, Camile Barros, disse estar se habituando a este novo método de jogar tênis e afirmou ser bem mais divertido. “Temos que pensar em todos os colegas, olhar por eles e pensar que um avanço positivo deles, pode ser o nosso amanhã e esta é uma grande vitória”, confirma. “Sempre que tem o mini tênis a minha mãe vem assistir. Ela diz que esse é o caminho mais correto de se fazer educação”.
O projeto inclusivo já conquistou não só a admiração das crianças, mas dos próprios familiares, e é resultado do Programa Portas Abertas para a Inclusão, desenvolvido na rede municipal desde 2015 por meio de parceria entre a Prefeitura de Belém, Instituto Rodrigo Mendes, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Fundação Barcelona, instituição vinculada ao time espanhol de mesmo nome.
Cada escola avalia a melhor forma de incluir alunos com qualquer tipo de deficiência na disciplina de Educação Física. Pode ser por intermédio de novas metodologias de trabalho, como jogos cooperativos, oficinas, palestras, atividades culturais e pedagógicas. “Já estamos idealizando um novo projeto inclusivo para este ano através de um outro esporte que também agrade a todos”, adianta a diretora da escola, Carmem Rosa.