A soma do conhecimento matemático à cultura local foram fundamentais para a realização da exposição “Etnojoias: do barro do rio, joias do Paracuri”, que reúne 90 peças feitas em argila, produzidas por alunos do 8º ano da Escola Liceu de Artes Mestre Raimundo Cardoso, localizada no distrito de Icoaraci.
A exposição é parte do projeto “Etnoconexões entre a arte e a matemática”, realizado há sete anos e que utiliza o saber local sobre a cerâmica para ensinar elementos geográficos aos alunos. De acordo com a professora de matemática Rosângela Dantas, idealizadora do projeto, o trabalho é uma junção de conhecimentos, que visa, sobretudo, fortalecer a cultura local.
“Sabemos que a matemática nem sempre é um assunto que todo aluno se identifica, e a proposta deste projeto é justamente a de despertar no aluno a reflexão sobre a cultura, criando e recriando peças com a argila. Com isso, toda vez que eles passarem por uma peça de cerâmica, irão ter noção do conhecimento que ela traz”, explicou.
As peças produzidas são fruto de um processo educativo integrado, diz a professora, em que os alunos expressam sua visão pessoal na criação ou recriação delas. Para a confecção dos colares – que são peças da exposição -, eles tiveram referenciais matemáticos, artísticos, estéticos, históricos e culturais. Além disso, se basearam no que foi abordado em sala de aula, nas oficinas, em exposições de arte e visitas às olarias no Paracuri.
Para a aluna Géssica Ferreira, 14 anos, dar início à criação de uma peça parecia algo bem mais difícil. “Eu pensei que seria incapaz de produzir uma joia. Via meus amigos empenhados na criação e eu não conseguia elaborar nenhuma, mas foram justamente as aulas de matemáticas, com aquelas informações de geometria, que me ajudaram a elaborar a primeira peça. A gente vê que tudo começa a fazer sentido. A cada novo traço que eu dava, as ideias iam surgindo”, conta Géssica.
Já Alícia Galvão, 13 anos, afirma que a princípio criar as peças pareceu bem fácil. “Eu tinha muitas ideias e queria por em prática. Comecei a passar pelas olarias e ficava imaginando como o criador de determinadas peças se baseava para criar os desenhos. Hoje tudo o que vejo faz muito mais sentido. Passei a valorizar bem mais a cultura de onde eu moro, e faço questão de demonstrar isso. O projeto foi fundamental para despertar meu interesse pela arte”, afirmou Alícia.
Serviço: Para conhecer um pouco mais sobre a exposição, as escolas podem agendar visitas pelo telefone 98086-6704, no horário comercial.