O casal de contadores Mariangela Araújo e Kayo Santos lembra como se fosse hoje o dia em que recebeu a ligação informando que o filho Kauan, de um ano e sete meses, havia caído da varanda de casa. Kauan foi levado às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento da Sacramenta, onde chegou chegou a apresentar uma parada cardíaca, mas foi estabilizado e, no dia seguinte, transferido para o hospital do plano de saúde, onde ficou um mês internado. Foram doze dias em coma e vinte dias na terapia intensiva. “Se não fosse a UPA há poucos metros da minha casa, talvez o meu filho não estivesse vivo”, afirmou a mãe.
O acidente ocorreu em setembro de 2016, pouco mais de dois meses depois da inauguração da UPA Sacramenta. “Lembro que a unidade praticamente parou para atender o Kauan e todos que aguardavam atendimento entenderam, porque viram que meu filho estava morrendo ali”, recordou Mariangela.
O caso de Kauan foi um dos que marcou a equipe da UPA Sacramenta neste um ano de prestação de serviços de urgência e emergência 24h, completados neste mês de julho. em todo o período, já foram mais 146 mil atendimentos buscados principalmente por moradores dos bairros da Sacramenta, Pedreira e Telegrafo. “Quando a unidade foi entregue, a população recebeu com muita desconfiança, principalmente porque fechamos a urgência e emergência das unidades do Telegrafo e Sacramenta. Mas, com o tempo ela mostrou que era mais resolutiva e preparada para atender casos de média complexidade e até de alta, como foi o caso do pequeno Kauan”, ressaltou o secretário municipal da Saúde, Sérgio Amorim.
O atendimento na unidade segue o protocolo de Classificação de Risco preconizado pelo Ministério da Saúde. Até o último mês de junho, o maior número de atendimentos foi da cor verde, que segundo o protocolo, significa casos de menor urgência. Foram 68.254 atendimentos deste tipo, cujo tempo de espera, pelo protocolo, pode ser de até duas horas. Em seguida está a cor amarela com 42.916 atendimentos. Nesta, a urgência é moderada, sem risco imediato, e pode aguardar até 60 minutos para atendimento. Durante este primeiro ano, o tempo médio de espera para classificação foi de 4 minutos e de 16 minutos para atendimento.
Para gerente da UPA, Christielaine Zaninotto, o sistema informatizado adotado na unidade, Rede Bem Estar Belém, é uma excelente ferramenta de gestão. “O sistema possibilita acompanhar diariamente os indicadores assistenciais, além de proporcionar mais segurança nos processos de informações prestadas aos usuários”, destacou.
Para o aposentado Manoel Pinheiro, 75 anos, que ficou internado por cinco dias na enfermaria, no último mês de junho o atendimento mereceu reconhecimento pela dedicação da equipe de servidores. “Tenho que dizer a verdade, aqui é tratamento é Vip. A nutricionista vem todo dia perguntar o que eu quero comer”, disse Manoel.
A UPA possui 329 servidores, entre eles está a assistente social Brena Klug, que trabalha desde a inauguração. Uma das funções ela é a articulação com a Central de Regulação para transferência de pacientes, quando há necessidade de internação e cuidados específicos. Brena diz que é um trabalho recompensador. “Às vezes os familiares chegam a brigar com a gente pedindo para fazermos algo, afinal eles querem que seu ente querido se recupere. Mas no fim, eles percebem que estamos fazendo de tudo e nos agradecem”.
A unidade disponibiliza atendimento de pediatria, clínico geral, traumatologistas e odontologia. Possui seis consultórios médicos, sala de observação com 15 leitos, sendo dois isolados, sala vermelha com quatro leitos para casos críticos, posto de enfermagem, sala de gesso, aparelho de raio x, laboratório de análises clínicas e eletrocardiograma, com serviço de telemedicina para análise e laudo dos exames. Na UPA, pode atender casos de picos de pressão, febre alta, fraturas/quedas, cortes, sangramentos, parada cardíaca, derrame (AVC), dores diversas, queimaduras, vômitos, diarreia, acidentes de trabalho, problemas respiratórios, intoxicações, picadas de escorpião ou outros animais peçonhentos, entre outras demandas.
Maria Juliana Lima, enfermeira da sala vermelha, teve a primeira oportunidade de emprego na UPA. “Sou muito feliz em fazer parte desta equipe. Mesmo com uma rotina desgastante, temos força de vontade e sempre estamos com o sorriso no rosto. Essa dedicação possibilita um atendimento mais humanizado para os nossos pacientes”, afirmou.
“Somos eternamente gratos com a equipe que estava lá naquele dia. Eles não apenas deram um bom atendimento para o meu filho, como foram humanos e souberam como nos tratar e consolar naquele momento”, contou o pai de Kauan, Kayo Santos, que retornou na unidade algum tempo depois para entregar uma carta de agradecimento. Foi a forma que encontrou para demonstrar a gratidão pelo atendimento ao bebê da família.
Kauan passou por quatro cirurgias e ficou com o lado esquerdo paralisado por algum tempo. Hoje, o garotinho está com dois anos e cinco meses, ainda tem que fazer curativos diariamente na cabeça, mas é saudável, brinca e corre pela casa sem nenhuma sequela do acidente.