Uma sessão lotada de estudantes. Esse foi o cenário do Cine Olympia na tarde desta quarta-feira, 30, durante a exibição do curta-metragem “Metas para o Amanhã”, produzido pelos alunos da Escola Municipal Manuela Freitas, do bairro de São Brás.
Em única exibição, o filme produzido nas dependências da escola foi apresentado para alunos, familiares e direção da Secretaria Municipal de Educação (Semec). Ao todo o curta envolveu aproximadamente 30 pessoas, entre atores e equipe técnica.
A produção faz parte do projeto “Fazer Cinema”, iniciado em 2013 com a professora de inglês da escola, Walcilea Cardoso. O que começou apenas como contação de histórias do imaginário popular, virou livro e depois filmes, que vieram em sequência: ‘A Maldição do Meio Dia’, “A Moça do Táxi”, “O Contato”, “Além da Aparência”, até chegar ao quinto, “Metas para o Amanhã”.
Mas, quem imaginaria que tudo teria começado por meio da câmera de um celular? Foi esse o passo inicial dado pela professora, que transformou o sonho de dezenas de meninos e meninas em realidade, e contou com o auxílio especial de um ex-aluno da escola Manuela Freitas, Henrique Fagundes, de 17 anos.
“Os próprios alunos começaram a cobrar para que a gente montasse filmes. Foi a partir daí que surgiu a oportunidade de vir aperfeiçoando as técnicas de filmagem e, também, de roteiro. O Henrique foi fundamental nesse processo, pois trouxe toda sua paixão pela arte e nos ajudou com a criação desta história”, destacou Walcilea. “Estar aqui, em meio à esse mar de alunos, é gratificante. Só tenho a agradecer aos estudantes do 7º ao 9º ano que participaram deste sonho”, enfatizou.
Produção – O “Metas para o Amanhã” conta a história de Sara, uma adolescente popular na escola, que ao descobrir uma grave doença no cérebro acaba sofrendo preconceito por parte da turma. São momentos de sofrimento, que mostram a triste realidade de quem se sente “oprimido” pela sociedade. É aí que surge uma amizade inesperada, que faz Sara se sentir forte novamente, e parte de um grupo.
Foram 25 minutos de exibição que emocionaram a todos no Cine Olympia. “É triste você ver que o preconceito afasta as pessoas. O mundo precisa de mais amor, a gente precisa se por no lugar do outro para sentir o que ele sente. Essa é a mensagem que nós queremos passar não só para os alunos de uma escola, mas para a sociedade. Eu vim de anos de estudos de uma escola particular. Quando meus pais disseram que eu iria para a escola pública, fiquei receoso, mas não fazia ideia que seria no Manuela Freitas que eu viveria os momentos mais incríveis da minha vida”, ressaltou o jovem Daniel Moura, de 14 anos, intérprete de Edgar, namorado de Sara.
Emocionado ao prestigiar a filha, o aposentado José Mariano Gonçalves, 69 anos, comemorou o fato de se fazer presente em um momento como esse. “Tive muitos filhos, mas não tive a sorte de presenciar nada deles na escola, e agora eu fui agraciado com esse presente da Danile [filha, integrante do filme]. Essa é a maior alegria que um filho pode dar aos pais: estudar e mostrar para o mundo que tem potencial”.
Para o secretário municipal de Educação, Marcelo Mazzoli, a produção do curta retrata a proposta que a Prefeitura de Belém tem, em relação à educação da rede municipal. “Ter vocês [pais e alunos] reunidos é exatamente o que nós queremos realizar. E oferecer uma escola que tem espaço para vocês mostrarem tudo o que são capazes de produzir na área de cultura, de ciências, de literatura. O cinema hoje está sendo a continuidade do Manuela”, declarou.
Quem ficou encantada com toda a produção e não desviou a atenção um minuto sequer, foi a estudante Juliana Pacheco, 14 anos, do 9º ano. “Achei ótimo, foi impressionante ver que eles conseguiram por em prática aquilo pelo que vieram batalhando. Foi um esforço muito grande, e é gratificante ver esse sonho se tornando real”, elogiou a jovem. Quando questionada se participaria de alguma gravação, ela deixou no ar: “Quem sabe?”.