O artista plástico austríaco Hans Steiner faleceu aos 64 anos de idade e, desde então, nunca teve uma exposição individual de seus trabalhos no Brasil. Essa lacuna começa a ser preenchida com a mostra “A Natureza Viva nas Gravuras de Hans Steiner”, com a curadoria de Paulo Vergolino, que será aberta nesta quinta-feira, 14, às 19 horas, no Museu de Arte de Belém (Mabe), com entrada gratuita.
A exposição faz parte de um projeto cultural inédito em Belém. O patrocínio máster é da Embaixada da Áustria de Brasília e realização do Mabe/Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel). O Mabe é o primeiro museu brasileiro a receber essa mostra, com 40 obras, entre gravuras em metal, xilogravuras e aquarelas.
Hans Steiner nasceu na Áustria em 1910, e chegou ao Brasil com 20 anos de idade. Aos 27, matriculou-se nas aulas de gravura em metal no extinto Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e passou a ter aulas com Carlos Oswald (1882-1971), maior nome da gravura em metal e idealizador dos croquis que deram origem ao Cristo Redentor. Steiner tornou-se um mestre na técnica de gravura, produzindo cerca de 530 obras, nas quais mais de 90% do acervo é sobre o Brasil. O artista possui obras em um número importante de museus brasileiros e estrangeiros, além de constar em coleções particulares no Brasil, na Itália e em Viena.
O artista foi tema da dissertação de mestrado “O olhar estrangeiro: a obra gravada de Hans Steiner como recorte-modelo para o resgate da história da gravura no Brasil”, defendida e aprovada com louvor pelo professor Paulo Vergolino, na Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo, em 2015. Vergolino é especialista em Museologia pela Universidade de São Paulo (USP) e o curador da mostra que será vista no Mabe.
Para Vergolino, a oportunidade de ver o trabalho de Hans Steiner é única. “Parabenizo a iniciativa do Mabe, que acreditou na importante contribuição da obra gravada de Steiner para a história da gravura no Brasil, poucas vezes revelada ao público. Espero que outras exposições venham a ocorrer e que diversas análises da obra desse artista se façam. Só assim, e em conjunto, jogaremos um pouco mais de estrelas nessa desconhecida constelação, tomada ainda por muitas sombras“, escreveu Paulo Vergolino no texto de apresentação da mostra.
Exposição – A mostra tem 40 gravuras, em um recorte da extensiva produção de Steiner, em inédita coleção, adquirida de uma instituição austríaca, por um colecionador particular de São Paulo, e nunca antes apresentada ao público brasileiro
O artista, de olhar estrangeiro, retratou a realidade da flora, da fauna e do povo brasileiro, que o comoviam e inspiravam. Dedicou-se ao longo da vida ao que foi intitulado por ele como ciclos de gravura, sendo eles Niterói antigo, Guanabara, Mata-pau, Penitenciária, Urubu, Vegetação, Miniaturas e Indígena. Todos foram temas de longos e expressivos conjuntos de gravuras divididos em maior ou menor quantidade, mas sempre donos de uma fatura segura, expressiva e de inegável inclinação para a arte de gravar.
Steiner também se dedicou com desvelo à aquarela e ao desenho. Pintava e fotografava, mas nada o colheu tanto como a calcogravura em si. Era essencialmente, assim como seu professor Carlos Oswald, um artista gravador, e nessa técnica é considerado um mestre. O buril, a ponta seca, as águas fortes e as águas tintas brotavam das mãos de Steiner com imensa fluidez e extremada categoria.
Serviço:
Exposição “A Natureza Viva nas Gravuras de Hans Steiner”, de 14 de dezembro de 2017 a 30 de abril de 2018, na sala Theodoro Braga, do Museu de Arte de Belém (Mabe), térreo do Palácio Antônio Lemos (Praça D. Pedro II, sem número). De terça à sexta-feira, das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 9h às 13h. Entrada gratuita. Informações: (91) 3073-1450.