Belém tem uma população de 1,4 milhão de habitantes, dos quais 150 mil são idosos, conforme estimativa de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta sexta-feira, 15, se celebra o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa e na próxima quarta-feira, 20, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) promoverá o Encontro da Rede de Atenção à Pessoa Idosa no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (Ciic), do governo estadual, que marcará a luta contra esse tipo de crime.
Segundo levantamento conjunto realizado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde e pelo Departamento de Vigilância à Saúde (Devs) da Sesma, atualizado em maio de 2017, de 2011 até o ano passado 320 idosos sofreram algum tipo de violência interpessoal em Belém. No último ano apenas seis casos foram registrados, sendo três vítimas do sexo feminino e três do masculino. Os principais agressores de idoso são os filhos, seguido dos cônjuges.
Com o objetivo manter baixos os números de casos, a Prefeitura de Belém tem mantido a vigilância com uma rede de combate ao crime. Uma das formas de identificar agressões é por meio do serviço de atendimento domiciliar feito pela equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF). Como os profissionais de saúde visitam famílias por toda cidade, terminam por prestar atendimento a idosos. Se identificarem algum caso suspeito de violência, o atendimento é feito, a vítima é encaminhada para atendimento especializado nas unidades de saúde e a polícia é notificada. As ESFs atenderam em 2017 90% da população idosa de Belém.
O coordenador da Referência Técnica de Saúde da Pessoa Idosa, Darley Quintas, explicou os objetivos no atendimento ao idoso. “As pessoas precisam entender quem é o idoso, como ele precisa ser tratado. Infelizmente, a pessoa idosa ainda é muito discriminada, até mesmo pela própria família. Por isso, o nosso objetivo é dar atenção a eles, seja por meio do atendimento clínico ou pela ressocialização”, disse o coordenador.
“Hoje, pessoas idosas que eram vítimas de alguma violência estão tendo atendimento nas nossas atividades”, completou Quintas. “Temos projetos com grupos de convivência, nos quais os idosos recebem informações sobre a Política Nacional do Idoso e os programas a eles destinados, além de atividades lúdicas, culturais e de lazer. Tudo isso proporciona resultados muito bons”, informou.
Nazaré Tavares, 70 anos, já é contemplada há dois anos pelos serviços da Prefeitura de Belém destinados ao atendimento ao idoso. Acompanhada pelo bisneto Nicolas, de 1 ano e 8 meses, ela esperava uma consulta médica na Casa do Idoso nesta quinta-feira, 14. Para ela, essa atenção é muito importante. “Eu buscava auxílio em vários lugares, mas não tinha êxito. Hoje encontrei um bom serviço às minhas necessidades, isso é muito bom”, disse.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Belém é considerada uma cidade em processo de envelhecimento, pois 10% da população é considerada idosa. O combate à violência para esse grupo pode ser realizado através de cuidados com a saúde. Campanhas estão sendo realizadas em 2018. No mês de junho, está ocorrendo a conscientização sobre a higiene bucal. No segundo semestre, vão ocorrer ações com foco na nutrição, automedicação, prevenção de câncer de mama e próstata.
Referência - Inaugurada em outubro de 2014, um dos lugares que proporcionam auxílio à pessoa idosa é a Casa do Idoso, localizada na avenida Governador José Malcher, 333, em Nazaré. No espaço, que garante atendimento humanizado, os idosos têm acesso a serviços de saúde, grupos de convivência, atividades lúdicas e de lazer. Profissionais de saúde, como psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, trabalham dando todo o suporte necessário. Segundo a última estimativa feita pela gerência da casa, em 370 pessoas são atendidas diariamente. Na parte clínica, em um ano foram atendidas 70,7 mil pessoas.
De acordo com a gerente interina da Casa do Idoso, Edna Souza, a violência contra a pessoa idosa começa na rua, e o serviço da Casa busca amenizar esse problema. “A violência contra o idoso está na rua. Por isso, temos em vista proporcionar o melhor treinamento aos nossos servidores para que tratem o idoso com respeito, para ajudá-los em uma ressocialização ou com tratamento médico”, explicou.
Há 12 anos sendo atendida, Maria Alice Silva, 85, elogiou o atendimento. “Não tenho do que reclamar, sempre sou bem atendida. Como não tenho plano de saúde, é na Casa do Idoso que faço o tratamento para todos os problemas”, disse. “As pessoas falam mal antes de saber do que se trata. Vim pela primeira vez aqui para resolver uma pendência para o meu irmão e fui bem atendido. Isso é um serviço da melhor qualidade”, afirmou o motoqueiro Wilson Martins.
Casos de violência contra idosos podem ser denunciados nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), na Defensoria Pública, no Ministério Público do Estado do Pará (MP-PA) e na Delegacia de Proteção ao Idoso (DPID), situada na rua Avertano Rocha, 417, no bairro da Campina, que atua na repressão e apuração dos crimes.
