O cinema mais antigo do Brasil em atividade completou nesta segunda-feira, 24, 105 anos. O Olympia contou com uma programação especial em comemoração à data, exibindo clássicos do cinema mudo como “Ninho de Amor”, de 1923, seguido de “Sherlock Jr.”, de 1924, ambos dirigidos por Buster Keaton, e acompanhados pelo som do pianista Paulo José Campos de Melo.
Para a gerente do Cinema Olympia, Nazaré Moraes, chegar aos 105 anos do Olympia traz uma sensação de dever cumprido. “Quando passamos a administrar este espaço, ele vinha de um sistema comercial, então ele passou a ter um novo formato alternativo, de história, diversão e cultura. A partir daí criamos um mote para o cinema e hoje recebemos pessoas que vieram ainda crianças e agora, com mais idade, retornam a essa casa para reviver momentos da sua vida, dentro de um espaço que é patrimônio histórico”, afirma Nazaré.
O Cinema Olympia é administrado pela Prefeitura de Belém desde 2006 e tem como foco a valorização cultural e educativa. Atualmente, mantém cinco projetos: “Cinema e Música”, “A escola vai ao cinema”, “Curta Olympia”, “Cinema Olympia Itinerante” e “A Universidade vai ao cinema”. Todos incentivam e difundem a cultura do cinema.
Prestígio - A sessão se iniciou às 18h30 e recebeu um público eclético, variando entre jovens e pessoas mais experientes, muitas delas assíduas das salas do Olympia, como Cristina Senna, de 57 anos. “Sempre fui apaixonada por cinema e quando a gente passa a vir com frequência se sente parte disso. É nossa memória afetiva, meu primeiro filme eu vi aqui, então imagina o que é vir a esse cinema ainda hoje e ter essa programação fantástica e gratuita?”, elogiou a geóloga. “Vir ao cinema no dia que ele completa 105 anos é para curtir o momento e a programação que imita um pouco aquela época. Isso é amor ao patrimônio cultural”.
Apreciar a arte e valorizar a cultura também é uma prática dos professores Monique Sena, 23 anos, e João Paulo da Silva Moraes, 29 anos. “A gente costuma vir ao cinema com frequência, e a história desse lugar é fantástica. Aqui a gente consegue assistir a grandes clássicos que já não estão disponíveis em qualquer sala de cinema”, frisou João Paulo. “Confesso que não sabia do aniversário hoje, mas é muito bom estar nesse espaço e ter contato com a história. É me sentir no passado e contemplar um lugar tão lindo”, completou Monique.
Experiência - Esta é a quarta vez que o maestro Paulo José Campos de Melo faz apresentações no cinema, por meio do projeto “Cinema e Música”. E, no aniversário do Olympia ele revelou que a emoção é ainda maior. “Nosso papel é ajudar a contar a história do filme de forma mais emocional. Trazer música de qualidade e mostrar a diversidade do mercado de trabalho que existe por meio dela. É sensacional estar aqui e fazer parte dessa história”, disse o pianista.