Já imaginou chegar a uma biblioteca e de cara ser surpreendido por um homem de vestimentas estranhas? Mendigo, Curupira, homem das cavernas... Nenhum desses personagens passou perto do que o arte-educador Maurício Rocha representava: o Cupirru, ou, simplesmente, o Filho do Boto, uma figura lendária das histórias populares da Amazônia que participa das ações do projeto Chalé Literário, desenvolvido na Biblioteca Municipal Avertano Rocha, em Icoaraci.
O projeto está na Semana do Folclore, promovida pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município (Fumbel), que se iniciou no dia 21 e se encerra hoje, 25, com “contação” de histórias e rodada de carimbó na concha acústica da orla de Icoaraci.
Nestes cinco dias de programação na biblioteca, mais de 500 alunos da rede municipal de estadual passaram pelo local e conheceram mais sobre as lendas amazônicas por meio da “Trilha do Folclore Popular” e do Cine Ipiranga. Maurício Rocha, o Filho do Boto, auxilia ações na biblioteca.
Caracterizado, Maurício recebe os alunos e circula com eles pelos espaços estrategicamente montados como se fosse uma trilha. Ali eles conhecem mais sobre a lenda do Boto, do açaí, da vitória régia, e da Matinta Perera. “Aqui a gente acende a curiosidade desses meninos enquanto tentamos envolvê-los neste cenário. É uma forma de fazê-los conhecer não só a história, mas também todo o espaço que compõe a biblioteca”, explicou.
Kerlyson de Souza, de 16 anos, é aluno da Escola Estadual Coronel Sarmento. Com amigos, ele foi conferir a programação. “A gente ficou sabendo que teria isso aqui (programação), porque frequentamos constantemente a biblioteca. Achei interessante principalmente porque montaram uns espaços para falar de lendas que eu ainda nem conhecia”, frisou o jovem. “Vim todos os dias dessa semana. Com certeza a programação de encerramento vai ser um show à parte, dá pra curtir com amigos e com a família”.
Gleidson Araújo, 14, também curtiu bastante a programação. “Toda essa ‘contação’ de história acaba sendo divertida. A gente aprende sobre as lendas sem precisar estar na sala de aula, é uma dinâmica bem interessante. Muda a rotina e dá até pra fazer um passeio com a minha irmã caçula – ela vai adorar essa Matinta aqui”, comentou ele, se referindo ao personagem que tem chamado atenção da turma que passa pelo cenário.
“A gente recebe o desafio de encantar as crianças e os jovens por meio das encenações, mas sem deixar de transmitir o ensinamento. O objetivo é mostrar para o público que o folclore é formado por várias manifestações”, explicou o artista Diego Amador, que dá vida à Matinta Perera.
Encerramento – Hoje, a partir das 16h30, haverá uma tarde de “contação” de histórias e poesias. Na sequência, o grupo sai em cortejo para a concha acústica da orla, onde ocorre a roda de carimbó, ação em parceria com a Fundação Cultural do Pará (FCP).